FV - Lusa
Macau, China, 29 jan (Lusa) - Vários escritores lusófonos pediram hoje um novo início nas relações entre os países de língua portuguesa e a China, no arranque do primeiro festival literário de Macau.
"Penso que a iniciativa de convidar escritores lusófonos para Macau tem de chegar de alguma forma ao Brasil. Vou fazer questão de passar essa mensagem. Temos de trocar mais do que ferro, petróleo e soja com a China", disse o escritor brasileiro João Paulo Cuenca, no primeiro painel "Países de Língua Portuguesa e China - um romance".
A ideia foi apoiada pelo escritor e jornalista português Rui Cardoso Martins, que defendeu que "a nova relação entre o Ocidente e o Oriente tem de ser baseada em palavras.
"É bom vir de Portugal onde toda a gente só fala da crise e aterrar em Macau, onde o dinheiro parece chegar até ao céu", disse.
Já o também jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos recordou a recente aquisição da EDP pela China Three Gorges, como "o primeiro negócio da China feito na Europa, e não surpreendentemente em Portugal, o primeiro país a estabelecer uma sólida relação com a China".
"A língua chinesa é um país imenso, com muitos milhões de falantes, mas o 'português' também é um país imenso. Somos todos brasileiros, cabo-verdianos, moçambicanos e macaenses", frisou.
A realizadora moçambicana Yara Costa, que recentemente produziu o documentário "Porquê aqui? Histórias de chineses em África", sobre imigrantes chineses na Ilha de Moçambique, explicou que por detrás dos investimentos nas infraestruturas dos países africanos e dos apoios à imigração por parte destes governos há muitos estereótipos entre os habitantes locais e os imigrantes.
"Os moçambicanos pensam por exemplo que os imigrantes chineses são todos ex-prisioneiros enquanto os chineses acreditam que todos os moçambicanos têm sida, evitando aproximações", afirmou.
Também participante no painel, Su Tong, premiado em 2009 com o prémio Man Asian Literary disse que a literatura pode quebrar preconceitos e abrir novas portas, explicando que também ele começou por recusar ler o Prémio Nobel português José Saramago, por ter sido um autor publicado na China sob o patrocínio do governo.
Por fim explicou que ler Saramago lhe despertou uma "ligação emocional a Portugal", apesar de nunca ter visitado o país.
O 1.º Festival Literário de Macau, iniciativa que vai juntar escritores da China e da lusofonia, decorre até 04 de fevereiro e além da vertente literária contará ainda com a exibição de filmes, exposições e concertos.
1 comentário:
Fálta-vos um apartado para a Galiza
saudinhos
http://www.pglingua.org/
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