segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mais de 500 imigrantes haitianos irregulares entraram no Brasil em três dias




FYRO - Lusa

Rio de Janeiro, 02 jan (Lusa) - Cerca de 500 haitianos entraram no Brasil nos últimos três dias pela cidade de Brasiléia, no estado do Acre, região norte do país, segundo informações da secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado.

O grande fluxo migratório elevou para 1.250 o número de haitianos presentes no município, de apenas 30 mil habitantes.

A situação é considerada "caótica" pelo subsecretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Henrique de Moura, para quem o cenário é de "crise humanitária".

"Inicialmente eles são dirigidos a Brasiléia, que é onde está o primeira delegacia da Polícia Federal no Brasil e lá eles têm de se apresentar para pedir o ingresso como refugiado ou como imigrante", explicou à Lusa Henrique de Moura.

Ainda de acordo com o subsecretário, esses imigrantes estão a fazer turnos para dormir, comer e ir à casa de banho, já que estão todos reunidos numa pequena "pousada" com espaço para abrigar apenas cem pessoas.

"Já estamos vivendo este drama há mais de um ano. Exatamente no dia 14 de janeiro de 2011, recebemos mais de 140 pessoas vindas do Haiti, que chegaram na fronteira à condições de extrema miséria e foi preciso dar um atendimento de saúde, de alimentação e abrigo", recorda.

Inicialmente, os imigrantes foram abrigados no ginásio da cidade e recentemente foram transferidos para uma pequena "pousada" de madeira em Brasiléia, que se tornou no centro de referência para os outros haitianos que chegam.

Segundo Moura, até outubro de 2011, a cidade recebeu uma média de 200 haitianos por mês.

"Muitos tentam o visto de refugiado, mas não se enquadram, uma vez que não podem ser considerados perseguidos políticos. Acabam sendo aceites como imigrantes irregulares", afirma Moura, ao explicar que o principal atrativo da região é possibilidade de trabalho.

"Muitos, após conseguirem um visto de entrada, seguem para São Paulo ou Porto Velho, em Rondônia [região norte, vizinha do Acre] onde há muitas vagas de emprego devido às centrais hidroelétricas que estão a ser construídas", explica.

Segundo Moura, um pedido de ajuda financeira foi feito ao Governo federal, que começou a enviar os alimentos prometidos hoje.

"Foram doadas 10 toneladas de alimentos que estão a ser entregues esta tarde", confirmou o subsecretário.

A rota de entrada dos haitianos que chegam pelo Acre também é escolhida por se considerada uma das mais baratas e ao mesmo tempo seguras para entrar no país.

Para sair do Haiti, esses imigrantes passam por Santo Domingo, na República Dominicana, de onde tomam um voo até Quito, no Equador, e seguem por estrada até Lima, no Peru, e logo até à fronteira do Brasil, no Acre.

A intenção da Polícia Federal agora é acelerar o serviço de regularização na fronteira para agilizar a entrada destes haitianos e sua dispersão para outros destinos dentro do país.

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