AYAC - Lusa, com foto
Chimoio, 05 jan (Lusa) -- As autoridades de Manica, centro de Moçambique, comprometem-se a acabar este ano com os casos de linchamentos e de justiça popular incentivada pela "impunidade policial", reforçando debates e palestras educativos, disse à Lusa a governadora local.
Ana Comoana, governadora de Manica, disse que uma das estratégias para "impedir a justiça pelas próprias mãos" será capacitar lideres comunitários, religiosos e outras figuras influentes nas comunidades sobre o funcionamento da máquina da justiça e procedimentos processuais.
"Sabemos que o linchamento é resultado da falta de confiança da justiça, mas é muito influenciado por falta de conhecimento das leis, por isso vamos educar e explicar à população como a justiça funciona" disse à Lusa, Ana Comoana.
Dados policiais indicam que em 2011, cinco pessoas morreram linchadas e outras dezenas escaparam com ferimentos, queimaduras no corpo provocadas por pneus ou capim seco em chamas. Em 2010, 12 pessoas foram mortas pela justiça popular.
"Os casos de linchamentos têm vindo a diminuir, mas ainda precisamos ensinar a população que, no cometimento de crime, é preciso averiguar, sob o risco de cometer outros erros, de prender inocentes no lugar de mentores dos crimes", explicou Ana Comoana.
A onda de linchamento começou em 2007 em Manica, durante uma revolta popular sobre a "impunidade policial", que se saldou em sete mortos num dia. Manica, Sofala (centro) e Maputo (sul) lideram com casos de linchamentos no pais.
A situação tem levado a que jovens em Manica, depois de cumprirem penas ou em gozo de liberdade condicional, regressem de forma voluntária às cadeias "à procura de sossego e paz", na sequência de ameaças de morte, por linchamento.
As autoridades da Penitenciária Agrícola de Chimoio, vulgo "Cabeço de Velho", indicam que, por ano, em média 10 jovens "voltam voluntariamente à cadeia com medo de serem linchados".
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