terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nada que Cavaco Silva faça pode "apagar" afirmações sobre reformas, diz PCP



SIC Notícias - Lusa

O PCP defendeu hoje que nada que o Presidente da República faça irá "apagar" o "significado" das afirmações sobre as suas reformas, que constituíram um "insulto" a grande parte dos portugueses, ao desvalorizarem as dificuldades com que vivem.

"Há atos e palavras que falam por si, não há nada daquilo que possa fazer que possa limpar, que possa apagar, aquilo que é o significado destas afirmações, que são profundamente desvalorizadoras das dificuldades de tantos portugueses, que, podemos dizer, constituem um insulto a uma grande parte do povo português", afirmou Francisco Lopes quando questionado sobre se o Presidente devia retratar-se.

Numa conferência de imprensa convocada para fazer o balanço do primeiro ano do segundo mandato de Cavaco Silva em Belém, o dirigente comunista considerou que "a autoridade de Cavaco Silva enquanto Presidente da República foi sendo debilitada ao longo dos anos pela sua prática política", sendo as afirmações sobre as suas reformas "mais um elemento que afeta e compromete essa autoridade".

"Tudo isto mostra não apenas insensibilidade, não apenas distanciamento, mas desvalorização das dificuldades que tantos portugueses atravessam neste momento", afirmou Francisco Lopes, ex-candidato presidencial e membro do secretariado e da comissão política do PCP.

"Mostra não apenas a insensibilidade, mas a desvalorização para a situação em que hoje estão os trabalhadores, o povo português, uma grande parte da nossa população, trabalhadores com baixos salários, reformados, jovens que têm rendimentos de 200, 300, 400, 500 euros, isto é, têm um rendimento mensal vinte a trinta vezes inferior ao do Presidente da República", afirmou.

Cavaco Silva disse na sexta-feira que aquilo que vai receber como reforma "quase de certeza que não vai chegar para pagar" as suas despesas, valendo-lhe as poupanças que fez, com a mulher, ao longo da vida.

Para o PCP, o Chefe de Estado é, "em convergência com este Governo e com os governos que antecederam este, um dos principais responsáveis pela situação a que o país chegou".

"Isso retira-lhe autoridade, porque insiste no mesmo caminho de injustiça, de desigualdade, de afundamento do país", disse.

O PCP faz um "balanço profundamente negativo deste primeiro ano do segundo mandato de Cavaco Silva".

Francisco Lopes estruturou este balanço em sete pontos, começando no discurso de tomada de posse "com conteúdo demagógico, populista e retrógrado profundamente vinculado à política de direita", passando por "afirmações legitimadoras da guerra colonial", o apoio ao memorando da troika', a intervenção para o acordo de concertação social, culminando no "compromisso com as orientações da União Europeia e a estratégia global do capitalismo".

Tudo isto, defendeu o PCP, "longe, muito longe, dum Presidente da República que assuma as suas funções no quadro dos poderes e deveres que a Constituição da República lhe confere".


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