quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O CAMINHO DAS TREVAS! – A PRESA COBIÇADA – II



Martinho Júnior, Luanda

A geo estratégia da hegemonia a fim de controlar as riquezas naturais e sobretudo o petróleo enquanto fonte de energia, numa altura em que a curva declinante de sua existência se inicia, está a implicar nas sucessivas guerras que alastram sobretudo no Médio Oriente, mas também numa escalada de tensões e ingerências por todo o imenso continente Eurasiático que conduzem ao cerco à Rússia e à China, com todas as consequências imprevisíveis e perigosas que isso acarreta!

A diminuição de efectivos norte americanos no Iraque e no Afeganistão está a levar a coligação dos EUA – NATO – ANZUS – Israel a reforçarem suas bases, acossando na Síria e no Irão, estes completamente envolvidos pela tenaz militar (que os cerca) e dos serviços de inteligência (que mina as suas sociedades).

Avisados dos insucessos na Líbia, com o emprego do Conselho de Segurança como trampolim “legal” para a agressão, os BRICS vão ajustando as suas políticas e a Rússia assume o principal papel da contenção.

O Conselho de Segurança, que foi criado na ONU a fim de se evitarem guerras, é mais que nunca um instrumento promotor de guerras ao serviço da hegemonia (Manipulation of the UN Security Council in support of the US-NATO Military Agenda – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=28586).

Agora que a administração democrata de Barack Hussein Obama reforça o Pentágono, o tandem Putin – Medvedev saído das recentes eleições na Rússia está a adoptar um conjunto de amplas medidas que abrangem os múltiplos sectores de relacionamento internacional: político, económico, financeiro, militar e de inteligência, reforçando a sua própria geo estratégia essencialmente coligada à China no quadro do CSTO - SCO, a Organização do Tratado de Segurança Colectivo (http://en.wikipedia.org/wiki/Collective_Security_Treaty_Organisation; http://en.wikipedia.org/wiki/Shanghai_Cooperation_Organisation).

As duas Organizações interligam-se, integram-se em múltiplos sectores e desenvolvem respostas ao nível das ameaças externas, conforme se pode constatar em NATO versus CSTO (http://indrus.in/articles/2012/01/10/csto_emerging_as_an_alternative_to_nato_14134.html).

Tirando partido da era Gorbachov – Ieltsin, em que os Estados Unidos conseguiram ingerências na profundidade do poder político e económico na Rússia em função do desmembramento do bloco socialista e sobretudo da URSS, tal como nas “revoluções coloridas”, uma série de organizações norte americanas promovem os valores do interesse e conveniência da hegemonia, antes, durante e logo a seguir às últimas eleições na Rússia (Regime change in the Russian federation? Why Washington wants finito with Vladimir Putin – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=28571).

As ingerências visando a desestabilização do tandem Putin – Medvedev são estimuladas particularmente pela NED, National Endowment for Democracy, também bem conhecida em várias outras partes do mundo:

“The National Endowment for Democracy (NED) is financing an International Press Center in Moscow where some 80 international NGOs can hold press briefings on whatever they choose.

They fund numerous youth advocacy and leadership workshops to help youth engage in political activism.

In fact, officially they spent more than $2,783,000 in 2010 on dozens of such programs across Russia.

Spending for 2011 won’t be published until later in 2012.

The NED is also financing key parts of the Russian independent polling and election monitoring, a crucial part of being able to claim election fraud.

They finance in part the Regional Civic Organization in Defense of Democratic Rights and Liberties GOLOS.

According to the NED Annual Report the funds went to carry out a detailed analysis of the autumn 2010 and spring 2011 election cycles in Russia, which will include press monitoring, monitoring of political agitation, activity of electoral commissions, and other aspects of the application of electoral legislation in the long-term run-up to the elections.”…

A ementa das ingerências perseguem um modelo que os Estados unidos estão a aplicar por todo o mundo, com mais ou menos ênfase, sem grandes variações e estimulando cenários idênticos, tais os níveis de ingerência já conseguidos com a disseminação das “dem0cracias representativas”.

O poder na Rússia tem vindo a replicar, denunciando não só os suportes norte americanos aos grupos que actuam no espectro político-social-económico-financeiro interno, como também tem passado ao contra ataque de duas formas:

- Denunciando as infracções dos Estados Unidos no âmbito até do seu campo de manipulação favorito, os direitos humanos (Rússia critica EUA por violações dos direitos humanos – http://port.pravda.ru/russa/30-12-2011/32690-estadosunidos-0/).

- Reagindo às ofensivas geo estratégicas na Eurásia, ofensivas de carácter político, diplomático, militares e de inteligência em curso no Médio Oriente, depois da agressão à Líbia e sobretudo em relação à Síria e ao Irão (Russia advierte que una guerra en Irán seria amenaza directa para su seguridad – http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/01/13/rusia-advierte-que-una-guerra-en-iran-seria-amenaza-directa-para-su-seguridad/ ; Tensão aumenta no Golfo Pérsico e frota russa entra em alerta vermelho – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/01/tensao-aumenta-no-golfo-persico-e-frota.html).

Destaco as relevâncias do relatório Russo sobre os direitos humanos em relação aos Estados Unidos:

"O problema principal não resolvido — é uma prisão odiosa em Guantánamo, que ainda contém 171 prisioneiros, suspeitos de ter ligações com terroristas.

O presidente Barack Obama legalizou a prisão sem julgamento por tempo indeterminado, bem como autorizou a retomada dos tribunais militares. — diz o relatório de peritos russos.

Actualmente naquela cadeia permanece um cidadão russo — Ravil Mingazov, que foi preso no Paquistão em 2002.

A actual administração continua a usar a maioria dos métodos de controle social e de privacidade dos americanos, adoptados pelo governo de George Bush sob pretexto de guerra contra terror, declara o documento.

Ao mesmo tempo, a Casa Branca e o Ministério de Justiça liberam da responsabilidade os agentes da CIA e altos funcionários culpados pelas violações maciças e flagrantes dos direitos humanos.

Há constantes violações do direito humanitário internacional nas zonas de conflitos armados e durante operações antiterroristas, uso indiscriminado e desproporcionado da força”…

A síntese mais esclarecida da evolução do cerco à Rússia e à China foi produzida por James Petras em Obama eleva as apostas militares: confrontação nas fronteiras com a China e a Rússia (http://port.pravda.ru/science/26-12-2011/32665-obama_confrontacoes-0/):
“A viragem do militarismo: Da periferia para a confrontação militar global

Novembro de 2011 é um momento de grande importância histórica: Obama declarou duas importantes posições políticas, tendo ambas tremendas conseqüências estratégicas que afetam potências mundiais competidoras.

Obama decidiu uma política de cerco militar da China com base no estacionamento de uma armada marítima e aérea frente à costa chinesa - uma política destinada abertamente a enfraquecer e perturbar o acesso da China a matérias-primas e ligações comerciais e financeiras na Ásia.

A declaração de Obama de que a Ásia é a região prioritária para a expansão militar dos EUA, a construção de bases e alianças econômicas foi dirigida contra a China, desafiando Pequim nas suas próprias traseiras.

O punho de ferro da declaração política de Obama, pronunciada perante o Parlamento australiano, foi clara como cristal na definição dos objetivos imperiais estado-unidenses”.
“A escalada da confrontação de Obama em relação à Rússia

O regime Obama lançou uma grande investida militar frontal sobre as fronteiras da Rússia.

Os EUA avançaram sítios de mísseis e bases da Força Aérea na Polônia, Romênia, Turquia, Espanha, República Checa e Bulgária: complexos de mísseis antiaéreos Patriot PAC-3 na Polônia; radar avançado AN/PPY-2 na Turquia e vários mísseis (SM-3 IA) embarcados em navios de guerra na Espanha estão entre as armas mais importantes que cercam a Rússia, a maior apenas a minutos do seu alvo estratégico.

Em segundo lugar, o regime Obama fez um enorme esforço para assegurar e expandir bases militares dos EUA na Ásia Central entre antigas repúblicas soviéticas.

Em terceiro, Washington, através da OTAN, lançou grandes operações econômicas e militares contra os principais parceiros comerciais da Rússia na África do Norte e Médio Oriente.

A guerra da OTAN contra a Líbia, que derrubou o regime Kadafi, paralisou ou anulou investimentos russos de milhares de milhões de dólares em petróleo e gás, vendas de armas e substituiu o antigo regime amigo da Rússia por um fantoche da OTAN”.
A competição entre os Estados Unidos e a China está a assumir contornos de risco em função da agressividade do império e esse facto fo balanceado por Nazanin Armanian no artigo “La primera potencia militar en su lucha contra la principal potencia económica” (http://blogs.publico.es/puntoyseguido/381/y-luego-a-por-china/):

“El presidente de EEUU Barak Obama, debe de pensar que Irán es pan comido para declarar que la nueva estrategia de Defensa en 2012 es contener a China.

Adicto a la guerra, Washington, que ha borrado la palabra paz de su diplomacia, considera a Pekín un peligro para sus intereses nacionales en el Pacífico y Asia Meridional y para su hegemonía unilateral planetaria.

Con el 5% de la población mundial el país occidental tiene un presupuesto militar siete veces mayor que el gigante amarillo, posee fuera de sus fronteras alrededor de 900 bases militares, once flotas navales que pasean por todos los océanos y cientos de miles de soldados esparcidos por el globo, y aun así está preocupado por una China sin tropas ni instalaciones militares fuera de su territorio.

Regreso a Asia es el santo y seña del Pentágono para allanar el Extremo Oriente y tomar el Mar de China cuyos fondos marinos, además, ocultan millones de barriles de petróleo y billones de pies cúbicos de gas.

El pretexto no le faltará: velar por la seguridad marítima mermada por las supuestas armas nucleares ocultas de China, luchar contra el terrorismo islámico y la piratería y ayuda humanitaria en los desastres naturales”

A escalada na Síria e no Irão visa objectivos geo estratégicos em toda a profundidade da Eurásia e do Pacífico, o que aumenta os riscos de confrontação nuclear de incalculáveis consequências para toda a humanidade…

*Ler partes anteriores deste título em MARTINHO JÚNIOR

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