sábado, 28 de janeiro de 2012

O DESINTERESSE QUE TIMOR-LESTE ESTÁ A SUSCITAR É DE SUA RESPONSABILIDADE



Ana Loro Metan

O tempo áureo do interesse que Timor-Leste suscitava perante a comunidade internacional já se foi. Mesmo em Portugal, em Angola, Moçambique, Brasil e restantes países lusófonos o desinteresse é nota dominante. Timor-Leste não fala português, não se noticia em português. Timor-Leste está centrado para o tétum, a sua língua oficial, e não se abre à comunidade internacional, nem à lusófona.

São volvidos cerca de dez anos de permanência de professores portugueses e brasileiros em Timor-Leste a ensinar português, existem em Timor-Leste timorenses que falam e escrevem corretamente português – os mais antigos – e não há uma abertura ao mundo lusófono, um esforço, para que exista – ao menos online – uma publicação que noticie em português o que vai acontecendo pelo país. Timor-Leste não se esforça por isso. Está demasiado ocupado em olhar para o seu umbigo e nacionalismo exacerbado. Deixando que pensemos que se está nas tintas para o resto do mundo que apesar de levar tempo finalmente lhe soube “dar a mão” e solidarizar-se.

Não podemos dizer que agora é responsabilidade da Lusa ou da RTP, ou de Sapo Timor-Leste. Quem dá o que tem a mais não é obrigado. A responsabilidade de a comunidade internacional e lusófona passar ao lado da atualidade timorense é quase exclusivamente dos timorenses, dos responsáveis políticos e dos intelectuais – os de topo e meio-topo, os que se dizem jornalistas e aproveitam-se do fator lusofonia mas que se estão nas tintas para escrever e falar português, fechando-se no tétum, no bahasa e num inglês escalavrado. Afinal porque se diz que Timor-Leste é um país lusófono? Não é. Já foi… durante o colonialismo português e essa página já foi virada. Em dez anos não deu mostras de o ser – pese embora a longa ocupação indonésia e o bahasa que dela herdaram. Continua a não dar mostras de o querer ser ou então está a avançar a passo de tartaruga coxa. Tão coxa que depois de tanto esforço resultados quase não se vêem. Se não querem adotar o português para que prosseguem com esta fantochada?

Qualquer professor de português - dos que agora e nos últimos anos tem lecionado no país – sabe que já era tempo de a língua portuguesa ser muito mais fluente em Timor-Leste do que a realidade nos mostra. Eles têm feito muito esforço e ensinado para isso. Tudo indica que são os timorenses que não querem aceitar a lusofonia por comunicação e cultura. Quando assim se constata não se deve pretender impor. É hora de fazerem um referendo sobre o a questão para que depois não se diga que foram gastos milhões para nada.

Voltando aos órgãos de comunicação social e ao facto de Timor-Leste ter optado por olhar para o seu umbigo e nada mais ver, comunicando em tétum e quase só em tétum o que acontece no quotidiano – parecendo querer impor de uma penada a todo o mundo o tétum – o que se deve objetivamente perguntar é a razão porque nunca timorenses que sabem português, que o aprenderam ainda nos tempos coloniais, que foram meus alunos, que estão ligados à comunicação social em Timor-Leste, que têm publicações em tétum, bahasa e em inglês… Porque não utilizam o português? Porque não reconhecem o interesse do mundo lusófono em saber o que vai acontecendo em Timor-Leste sem o espartilho da Agência Lusa ou do Sapo TL – que só nos dão uma ínfima parte da realidade timorense. Esses são os principais responsáveis por Timor-Leste suscitar cada vez menos interesse. Está a ficar um mundo à parte. É um parente muito afastado da lusofonia. Se é assim que querem será melhor acabar com todo este teatro e esforço do Brasil e de Portugal para que Timor-Leste seja um país lusófono como todos os outros. Sigam a vossa vida que os timorenses realmente lusófonos seguirão a deles. Não digam é que os vossos irmãos da lusofonia não se esforçaram. Coisa que vocês não o fizeram ainda, substituindo isso pelo teatro de que querem ser um país lusófono para daí sugarem o mais possível dividendos enquanto os “parvos” não derem por isso.

É evidente que toda esta retórica se destina principalmente aos que têm responsabilidades de topo no país. Os políticos no poder, que por lá estiveram e que vão estar, os intelectuais, os responsáveis dos órgãos de comunicação social, os que de um modo ou outro comunicam quase exclusivamente em tétum ou noutra língua estranha à lusofonia sabendo nós que sabem português. A responsabilidade aqui não vai para o povo que é sistematicamente ludibriado por esses. Brasil e Portugal: basta de esforço por quem não se esforça.

O ministro da educação de Portugal está agora a terminar a sua visita a Timor-Leste. Mais uma de um novo ministro. Prometeu mundos e fundos perante responsáveis políticos e perante um ministro da educação timorense que é um verdadeiro banana e fantoche nas mãos de Kirsty Gusmão e de outros do lobie anglófono. Sujeito de fraca personalidade, independentemente de ser boa pessoa (talvez por isso tão banana). Portugal e o Brasil devem saber que não merece a pena malhar em ferro frio e que os gastos com a educação e o ensino do português, em Timor-Leste devem ter um fim se a realidade nos mostrar que os responsáveis timorenses adotaram um jogo de faz de conta que está a consumir os contribuintes brasileiros e portugueses para nada. É o que está a acontecer. Esforço, dinheiro e incómodos deitados à rua. O desinteresse por Timor-Leste, por parte da comunidade internacional e lusófona – devido ao desconhecimento do que aqui se passa na realidade e à arrogância dissimulada – é flagrante. A responsabilidade é de Timor-Leste e não dos que até agora sempre o apoiaram apesar das distâncias geográficas.

Perante o exposto - por uma timorense-portuguesa, ex-professora de uns quantos “meninos” agora no topo e que se portam muito mal - deve ser dito que o que o ministro da educação de Portugal afirma não corresponde à verdade e que está a aplicar palavras de mera diplomacia e cortesia que afirma que Apoio ao país merece consenso em Portugal - Nuno Crato, isso não é verdade. Quer em relação a Portugal ou ao Brasil, isso não é verdade. Timor-Leste não quer ser da lusofonia… Só tem de dizer que não e virar-se para outras alternativas. O que o Brasil e Portugal não devem, nem podem, é continuar a deitar esforço, meios e dinheiro à rua para depois terem por prémio uma enorme decepção. Diz quem o sabe. Desculpem a sinceridade e o derrubar dos vossos desejos, projetos e esforços. Para assim não acontecer muita coisa teria de mudar na liderança de Timor-Leste.

6 comentários:

Anónimo disse...

A senhora Ana pode estar a fazer cair o mito dos dirigentes timorenses vítimas mas a verdade é que são uns enormes ciganos e só pelas suas políticas de vigaristas é que o português não é usado em Timor nem para o mundo. Traduzir do português para inglês ou francês é fácil mas a partir do tetum não e isso isola um país que queira divulgar a sua atualidade. Só diz verdades senhora Ana.

CULTURAonline disse...

Por isso, até nos dispusemos a doar cerca de 10 mil livros, a pedido de uma Entidade Timorense.
No entanto, não mais fizemos esforços já que a nosso ver os livros que temos são em Português.
Abraços
Filipe de Sousa
culturaonlinebr.org

Anónimo disse...

faltou dados sobre o quantitativo de timorenses que falam o portugu~es como primeira e segunda língua. Sendo assim, ficam apenas a percepção da Sra. Ana

Anónimo disse...

O quantitativo dos que falam e escrevem em português é infimo. Até parecem que não querem aprender... e já lá vão quase 10 anos. Os que ainda usam o português são os katuas, os mais velhos, devido a terem aprendido no tempo colonial. Mas creio que a senhora Ana o que lamenta mais é que não existe nem um orgão de comunicação social que faça saber à comunidade internacional e principalmente à da lusofonia sobre a atualidade timorense - retirando o pouco que a Lusa e Sapo TL faz saber. Olhe-se as publicações online em tétum e diga-mm lá se vêem notícias correspondentes em português. Não vêem, pois não? Mas se formos ver sobre Angola em publicações de Angola existem em português, em Cabo Verde idem, em todas as outras ex-colónias existe. A mais depeuperada será a Guiné-Bissau mas de resto temos todas as notícias dos outros países lusófonos em português. desde o Manuel que atropelou a galinha até ao ministro que roubou. Sobre Timor não, só em tétum para quem souber tétum. Parece que a senhora Ana se insurge contyra isso e contra o facto de o português não ser usado em Timor porque não sabem, não querem. Sendo assim para que se gasta tanto dinheiro? A comunidade lusófona tem de tomar uma posição contra esta má vontade das elites timorenses, é evidente.

Anónimo disse...

A língua portuguesa não porque os timorenses acham-na difícil e booring,a língua indonésia não porque está suja e cheia de má recordações, a lingua Tetun não porque ainda tem pernas para andar, a lingua inglesa não porque cheira a neo colonialismo, então qual será a melhor língua? Lingua de vaca de assada com modok?

Anónimo disse...

Enquanto estiverem todos interessados no dinheiro que do petroleo que podem meter no bolso..... e que como o futibol o gamanco nao precisa de lingua nenhuma.

Ze da Labia

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