SBR - Lusa
Lisboa, 09 jan (Lusa) -- O Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, "desaparece num momento um bocado conturbado da política na Guiné", lamentou hoje o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), acreditando, porém, que o povo saberá respeitar o seu "legado".
Malam Bacai Sanhá, que morreu hoje, num hospital em Paris (França), após doença prolongada, "deixa um legado de sempre ter dado o seu melhor na tentativa de encontrar os consensos internos necessários à preservação da paz e ao desenvolvimento do país", disse, em declarações à agência Lusa, o também guineense Domingos Simões Pereira.
"Quero acreditar que o povo guineense (...) vai querer e saber honrar esta memória e alimentá-la com o respeito pela ordem interna e a aplicação das leis no processo da sua sucessão", acrescentou o responsável da CPLP, que já falou com os embaixadores dos Estados-membros da organização, que vão reunir-se "muito brevemente para definir como acompanhar" a situação na Guiné.
"Perdemos um contribuinte fundamental do processo" de reforma no setor da defesa e da segurança em curso na Guiné-Bissau, reconheceu Domingos Simões Pereira.
"Com certeza" que a reforma do setor de defesa e segurança será para continuar, pois "é uma necessidade que está na mente de todos os guineenses", garante.
"Todos reconhecemos que o papel, a dimensão, a estrutura das Forças Armadas têm de ser equilibradas e ajustadas a outros objetivos e a outros propósitos", frisou, esperando que a morte de Sanhá não desacelere o processo, embora seja "algo que as autoridades guineenses vão avaliar".
"Aquilo que ouvi da parte do senhor primeiro-ministro [guineense, Carlos Gomes Júnior], muito recentemente, é de que já há condições para se avançar e, portanto, espero que não haja grandes recuos nesse processo", adiantou Domingos Simões Pereira.
"Se já há algum tempo que a Guiné-Bissau respirava alguma tranquilidade, Malam Bacai Sanhá teve muito a ver com esse ambiente de tranquilidade, [dada] a sua capacidade de dialogar com todas as parte", destacou.
Porém, o secretário executivo da CPLP acredita que a tentativa de golpe de Estado registada a 26 de dezembro de 2011 e "todos os [acontecimentos semelhantes] (...) precedentes prepararam as partes para o necessário consenso neste momento", embora admita que "será sempre difícil".
Acredita também na "capacidade de resposta" dos guineenses para "ultrapassar as barreiras", apesar de que "perder um Presidente da República no meio do seu mandato é algo que nenhum povo merece, porque traz sempre uma situação não prevista à partida".
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