sábado, 14 de janeiro de 2012

RAPPER ALVEJADO POR GNR QUER REPOR VERDADE EM TRIBUNAL




Salomão Rodrigues – Jornal de Notícias, ontem

O jovem cantor rapper de Santa Maria da Feira baleado por um GNR, em Rio Meão, já está em casa. Fábio Vitó rejeita vingança, mas está indignado com as justificações para o tiro. Vai tentar repor a "verdade" em tribunal e acredita que o disparo foi um "acidente".

"Não há justificação para o tiro da GNR. A única coisa que fizemos foi uma inversão de marcha e nem fugimos a nenhuma ordem de paragem", afirmou , ontem, ao JN, o jovem, de 21 anos, baleado por um elemento da GNR no decurso de uma operação stop, na madrugada do passado dia 1, em Rio Meão (Santa Maria da Feira), quando ia ao lado do condutor.

"Eu não sou nenhum bandido. Sou um puto e nada mais que um puto com família e amigos que faz música e é acarinhado", adiantou. "Não tenho ódio nem quero vingança em relação ao militar que me baleou. Quero justiça", adiantou Fábio Vitó.

E sobre o tiro que o atingiu gravemente no abdómen tem uma justificação. "Quero acreditar que tenha sido um acidente, mas não me digam que o GNR escorregou. Quero a verdade", reivindica o jovem, um dia depois de ter tido alta no Hospital da Feira, onde esteve em coma induzido. "Sou uma pessoa consciente para perceber que erros todos cometem, mas há que assumi-los e não esconder. O GNR não sabia quem estava dentro do carro, no meu lugar podia estar uma criança que ele podia ter matado. Nada justifica um tiro", reiterou.

Indignação

A "indignação" que Fábio diz sentir prende-se com a alegada postura do militar após o tiro. "Diz que partiu o vidro com uma lanterna, mas não foi isso que aconteceu". Para Fábio, o GNR também não procedeu correctamente ao não informar o socorro do que verdadeiramente aconteceu. "Disse que eu estava indisposto ou que tinha tido um acidente. Em momento algum me perguntou se eu estava bem ou me pediu desculpa. Limitou-se a dizer que o sangue que eu tinha nas calças e que não parava de sair era da mão dele", acusou. Também não aceita a justificação que o tiro aconteceu por ter escorregado. "Isso não é verdade. Da maneira como a bala foi disparada, não pode ter caído".

Fábio Vitó chegou a querer falar com o militar. Mas já não quer. "Eu não ia levar o caso até as últimas consequências se falassem verdade comigo. Mas agora ainda tentam fazer de mim o mau da fita quando eu era apenas o passageiro de um carro. O GNR já não é apenas um homem que errou, ele está a tentar passar para mim a culpa do que aconteceu", disse.

Sobre este caso, a GNR fez já saber publicamente que ele está a ser alvo investigado e rejeita qualquer encobrimento do acontecimento.

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