Martinho Júnior, Luanda
III
A afronta de Guantánamo vai todavia mais longe, em termos das disputas nas Caraíbas, onde em pleno século XXI, se vai ressuscitando o ambiente dos velhos piratas.
A sul de Cuba estão as Ilhas Cayman, pertencentes ao Reino Unido, garante de “offshores” financeiras e onde George Soros possui as chaves (conjuntamente com Curaçao, nas Antilhas Holandesas) para os seus negócios especulativos no âmbito do Quantum Fund Group.
Não é em relação a isso que vou reportar, apesar desses “entrepostos” ficarem próximo da base naval de Guantánamo e Curaçao ser uma base da Marinha Holandesa e por extensão da NATO.
A 60 milhas do devastado Haiti fica uma ilha desabitada, reclamada por esse país, a ilha de Navassa, que os Estados Unidos controlam a partir de Guantánamo.
Essa ilha tem uma história rocambolesca, tendo sido escala de piratas, para durante o século XIX, se tornar num micro centro de exploração de guano.
Segundo a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Navassa):
“Em 1857, a soberania da ilha foi reclamada por Peter Duncan, um capitão da marinha estadunidense, mediante a Ata da Ilhas Guaneiras de 1856, devido a seus depósitos de guano.
Alegou a descoberta da ilha em 1 de julho de 1857 e sua posse em 19 de setembro desse ano.
Cabe mencionar que esta foi a terceira ilha reclamada por meio dessa ata.
O Haiti protestou contra a anexação estadunidense da ilha em 1858 e reivindicou a soberania.
No entanto, os Estados Unidos rechaçaram essa reivindicação.
O fosfato procedente do guano é um adubo orgânico que se tornou importante para a agricultura dos Estados Unidos em meados do século XIX.
Duncan transferiu seus direitos de descobridor da ilha a um comerciante de guano da Jamaica, o qual por sua vez vendeu os direitos à recém-criada Navassa Phosphate Company de Baltimore.
Logo de uma interrupção devida à Guerra Civil nos Estados Unidos, a companhia construiu uma melhor infraestrutura para a extração do guano, além do que de alojamento para 140 trabalhadores afro-americanos provenientes de Maryland, casas para supervisores brancos, tendas, e uma igreja.
A extração iniciou-se em 1865.
Os trabalhadores extraíam o guano com dinamite e picareta, e levavam-no até a baía de Lulu (por meio de vias férreas), onde armazenava-se em sacos e embarcava-se em botes para transferi-lo ao navio da companhia, o S. S. Romance.
O alojamento na baía de Lulu foi chamado Lulu Town, nome que aparece em mapas da época”.
… Até o guano deu azo à pirataria e à contínua conspiração conforme ao exemplo desta desabitada e ignota ilha do Mar das Caraíbas!
Que o Haiti assuma o controlo de todo o território conforme à sua própria Constituição!
Nota:
Este artigo homenageia os Antigos Combatentes dos movimentos de libertação de Angola e do Continente Africano, que perfilham todos os matizes filosóficos, ideológicos e políticos, por que a luta contra o subdesenvolvimento de todas as nações que emergiram da rota dos escravos, é uma luta comum, uma luta que só pode unir os dois continentes das margens do Atlântico.
Evoca ainda os 5 prisioneiros cubanos do império, 3 deles combatentes da causa do movimento de libertação em África contra o colonialismo e o “apartheid”.
O dia 15 de Janeiro é em Angola o Dia dos Antigos Combatentes.
*Ler partes anteriores deste título em MARTINHO JÚNIOR
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