Correio do Brasil - de Brasília
O ex-ministro Ciro Ferreira Gomes, hoje vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), é uma das testemunhas aguardadas na Câmara dos Deputados caso seja aprovada a CPI da Privataria Tucana, originada no livro homônimo do jornalista Amaury Ribeiro. A obra narra o processo de privatização das grandes companhias brasileiras e o desvio monumental de recursos do Estado para contas particulares, em bancos de paraísos fiscais, entre elas as dos principais líderes do PSDB, como José Serra e Fernando Henrique Cardoso.
Ciro, em entrevista a um programa de TV aberta, ainda em 2009, já denunciava os fatos descritos, em detalhes, no livro-reportagem. Segundo o também ex-deputado federal com mais de 600 mil votos na penúltima eleição, a gestão de FHC e Serra drenou os recursos brasileiros de forma espetacular a ponto de faltar pouco para o país quebrar, ao longo dos oito anos do mandato tucano.
– O (jornalista) Elio Gaspari chama o processo de privatização que eles fizeram de privataria. Uma mistura de privatização com pirataria. Não é por nada particular, porque o Serra gosta de espalhar entre as penas amestradas que ele controla, que eu tenho alguma animosidade pessoal com ele. Ele é um Fernando Henrique Boy. Não tem como não ser. Ele foi ministro do governo Fernando Henrique por oito anos – afirmou Ciro, na entrevista passada.
Ciro Gomes pontuou a velocidade impressionante com que a equipe econômica da gestão FHC avançou sobre os bens nacionais, construídos ao longo de 500 anos.
– O Brasil, quando o Fernando Henrique tomou posse – e eu era ministro da Fazenda – tinha levado 500 anos para fazer uma dívida pública equivalente a 38% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa gente, o governador Serra, ministro do Planejamento, membro da equipe econômica, trouxe essa dívida para 78% do PIB em apenas oito anos. Levou 500 anos, brasileiro, para que a dívida chegasse a 38% do PIB. E foi uma dívida feita para construir a Petrobras, a Eletrobras, a Telebras, as estradas etc etc. Essa gente dilapidou o patrimônio brasileiro. O investimento brasileiro caiu ao pior nível desde a Segunda Guerra Mundial. Destruíram as universidades brasileiras. Perdemos um terço dos mestres e doutores, que se leva 40 anos para formar, em apenas oito anos de maluquices. De prostração ideológica neolilberal, de mistificação – relata.
Para o ex-parlamentar, que não concorreu à Presidência da República nas últimas eleições num acordo com o PT, alinhavado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele apoiasse a candidatura da atual presidenta, Dilma Rousseff, a volta dos tucanos ao poder significa um retrocesso histórico.
– O Brasil foi ao chão. Faltou energia. Pelo amor de Deus… Tem alguma animosidade minha? Se tiver, desmintam um número meu. Então, essa gente não pode voltar, porque agora o Lula provou para nós próprios, brasileiros, que nós temos condições de resolver o nosso desafio. E olha que o Lula pegou a coisa degringolada. Em 2003 o Brasil quase quebra, de novo. Agora, passamos pela maior crise do capitalismo moderno e o Brasil não quebrou.
Aos 52 anos, mais da metade dedicados à vida pública, o ex-deputado federal foi duas vezes deputado estadual, sendo eleito em seguida prefeito de Fortaleza e governador do Ceará. Ocupou ainda os cargos de Ministro da Fazenda e Ministro da Integração Nacional. Em 2006 e foi o deputado federal mais votado do país, proporcionalmente, com 667.830 votos.
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