Correio do Brasil - do Rio de Janeiro
Os repórteres da Rede Globo de TV foram pressionados a deixar a manifestação dos policiais e bombeiros realizada, neste domingo, em frente ao Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio. Centenas de pessoas cercaram as equipes de jornalismo da TV Globo e da Globonews e passaram a gritar palavras de ordem, o que de fato impediu que seguissem no local.
Os integrantes das forças auxiliares de segurança do Estado do Rio, nesta mesma manifestação, decidiram adiar, até esta segunda-feira, a decisão sobre manter ou suspender a greve iniciada nesta sexta-feira. O ato público prosseguiu com o repúdio às prisões de militares acusados de incitarem o movimento. Os grevistas marcaram para esta segunda-feira, às 18h, no Centro da cidade, uma nova assembleia para decidir os rumos do movimento.
– Decisão certa. Na minha opinião, a ordem é o que foi dito aqui: que o governador (Sérgio Cabral) retire o aumento que deu, o que quer dar e tire 10% dos nossos salários, se a questão é essa, mas o mais importante é soltar os companheiros. O movimento é pacífico e ele está tratando como se fosse um movimento desordeiro – disse o cabo Lopes, da Polícia Militar (PM), aos jornalistas que permaneceram no local.
Mesmo com o anúncio da suspensão do movimento por parte da Polícia Civil, agentes da corporação participaram do ato de repúdio. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Fernando Bandeira, explicou que existem duas representações da categoria – o Sinpol, criado em 1993, e o Sindipol que, segundo histórico divulgado na página da entidade na internet, representa desde 2007 a reativação de uma instituição criada há quase 20 anos. A representação da categoria está dividida entre os dois sindicatos. Cada entidade contabiliza uma média de 1,5 mil policiais civis filiados. Bandeira criticou o anúncio de suspensão da greve feito na véspera pelo diretor jurídico do Sindpol e garantiu que a Polícia Civil continua no movimento.
– A decisão foi tomada em assembleia. A gente não pode tomar a decisão de sair da greve sem conversar com as outras categorias (bombeiros e Polícia Militar). Essa ilegalidade de suspender a greve é um desrespeito até com os policiais civis – protestou o presidente do Sinpol, reafirmando que a categoria continua com os atendimentos reduzidos e apoiando a pauta de reivindicações.
O sargento Paulo Nascimento, um dos líderes dos bombeiros, reafirmou a posição da categoria.
– Temos que manter a greve, mas dentro da normalidade e legalidade. Repito que mantemos 30% dos atendimentos sendo feitos – afirmou.
A manifestação deste domingo, na praia de Copacabana, teve uma participação tímida de militares. Ainda assim, policiais civis, militares e bombeiros mantiveram o ato que durou quase quatro horas, reafirmando o caráter “pacífico e ordeiro” que o movimento deve manter para ter continuidade e os protestos contra a prisão de vários militares que foram encaminhados ao Presídio de Segurança Máxima Bangu 1.
Uma comissão de mulheres de bombeiros e de policiais presos no complexo penitenciário estão organizadas para buscar o apoio do governo federal em Brasília, na próxima terça-feira. Mas, nesta segunda-feira, a comissão e outros parentes de militares presos terão uma reunião, às 10h, com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro.
Emocionada, a estudante Ana Paula Fernandes Matias, mulher do sargento Matias, preso neste sábado sob acusação de não ter se apresentado ao trabalho, protesta. Ela garante que o marido estava no posto do Grupamento Marítimo (Gmar) na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital. Mas, como outros militares do Gmar, ele não usava o uniforme da corporação, em protesto.
– Estamos lutando por uma causa. Em momento algum abandonamos a população. Isso é uma covardia. O que eu falo para o meu filho, de 4 anos, que pergunta pelo pai, que é honesto, nunca respondeu a qualquer processo e está preso em um complexo de segurança máxima? – questionou, emocionada.
Matérias Relacionadas:
Sem comentários:
Enviar um comentário