sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cabo Verde já serve de "modelo" para Millennium Challenge -- Diretor Executivo



JSD – Lusa, com foto

Cabo Verde é já considerado um "país modelo" para os programas que o Millennium Challenge Corporation (MCC) tem em 20 países do mundo, conseguindo resultados que permitirão ao arquipélago, a longo prazo, substituir a ajuda externa pelo investimento privado.

A afirmação é de Daniel Yohannes, diretor executivo da instituição pública norte-americana de ajuda ao desenvolvimento, que, numa entrevista à Agência Lusa, disse esperar que, em 2017, Cabo Verde possa integrar o grupo dos "Países Millennium", deixando de necessitar ajuda dos doadores.

Yohannes esteve dois dias em Cabo Verde para assinar com o Governo local o segundo compacto do MCC - no montante de 66,2 milhões de dólares (50,9 milhões de euros) e que entrará em vigor em agosto próximo -, facto inédito para um País de Rendimento Médio (PRM) e que é o primeiro a conseguir novo pacote financeiro.

"Cabo Verde é, não só, um modelo para África como também para outros países do mundo, pois tem muitas histórias de sucesso que podem ser partilhadas. Diria que o que conseguiu aqui com o primeiro compacto, com o empenho posto pelo Governo nas principais políticas reformistas, ajudou o segundo a tornar-se fácil", disse.

"Estamos a usar Cabo Verde como um modelo e um exemplo de sucesso e partilhamos isso nos nossos programas em 20 países do mundo", salientou, realçando o facto de o arquipélago ter deixado o "ranking" de países de rendimento baixo, em 2007.

Yohannes lembrou que "não é fácil" a um país aceder ao MCC, pois existem 20 critérios "rigorosos" de seleção, sustentando que passam pela obtenção de "excelentes resultados" na avaliação, por terceiros - Banco Mundial, ONU, Freedom House ou Heritage Foundation -, nos itens de boa governação e reformas e políticas económicas que favoreçam as populações.

"Não é fácil conseguir ser um parceiro do MCC, sobretudo para um segundo compacto. Estamos a falar do cumprimento do primeiro compacto, das continuação das reformas e da apresentação de propostas cujo objetivo é reduzir a pobreza", explicou.

Para o diretor executivo do MCC, "o que impressiona" é o facto de, além do investimento que já foi feito, Cabo Verde ter sido capaz de proceder a reformas "significativas", criando condições para o investimento do setor privado, que deverá substituir a ajuda e gerar sustentabilidade.

"É definitivamente um modelo (do MCC). Penso de onde vieram e no que já conseguiram e isso é um marco histórico. E isso mostra a aos países de rendimento médio e a toda a comunidade o que se pode conseguir", defendeu, desdramatizando a redução do montante do primeiro para o segundo compacto - entre 2005 e 2010 foram disponibilizados 110 milhões de dólares (84,6 milhões de euros).

"Estamos a trabalhar numa altura em que há muitos constrangimentos. Se vir o que estamos a investir e se se dividir 'per capita', Cabo Verde é dos maiores beneficiários. Não se pode esquecer que Cabo Verde foi graduado a PRM. Isso significa que parte do financiamento tem também de vir do próprio país", sustentou, admitindo, porém, que a crise financeira mundial também se reflete na ajuda norte-americana.

Yohannes argumentou que, hoje em dia, já não interessa saber qual o montante a disponibilizar, mas sim se é bem investido, defendendo que Cabo Verde está no "bom caminho" e que, em 2017, não haverá um terceiro compacto.

"Depende sempre do país. Mas este é o último compacto que Cabo Verde vai receber do MCC, pois acredito que está no caminho para substituir a ajuda externa pelo investimento do setor privado. O país está a crescer, fez um grande trabalho, subiu a PRM e, quem sabe, dentro de cinco anos, possa ser graduado a «País Millennium», em que já não precisará de ajuda", concluiu.

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