A ministra egipcia acusa os EUA... |
A contínua falsificação de “democracia representativa” que a aristocracia financeira mundial tem levado a cabo nos Estados Unidos, administração após administração, durante largas décadas e de forma mistificada, está a ser confrontada, agora que as crises se vão sucedendo, com um movimento que se tem distendido por todo o território: o “Occupy Wall Street” (http://occupywallst.org).
Esse movimento está a pôr em causa os fundamentos duma continuada mentira e por isso, não só “choca” com o que diz respeito à aristocracia financeira mundial, como ao confrontá-la nas praças públicas, nos edifícios, na passagem de mensagens que contrariam os “media de referência” dos grandes poderes, se coloca em posição de sofrer a repressão, cada vez mais evidente.
A alternativa do “Occupy Wall Street” está a conseguir obstar em muitas das suas manifestações à infiltração dos agentes do poder financeiro, por que todos os que lhe estão a dar corpo estão a sentir na carne os efeitos da perversidade a que estão submetidos de há décadas, não só pelo beco sem saída do capitalismo financeiro de hoje, mas também por toda a panóplia de meios que ele dispõe, inclusive os meios repressivos.
Enquanto internamente muitos nos Estados Unidos vão tomando consciência da fraude que constitui a sua “democracia representativa”, são cada vez mais aqueles que se levantam para chamar a atenção da fraude induzida em muitas das “revoluções coloridas”, agora também aquelas que compõem a “primavera árabe”, na parte em que elas são estimuladas pela ingerência de ONGs norte americanas, elas próprias financiadas pelos interesses da aristocracia financeira mundial para fazer progredir as provocações, as revoltas, as divisões, numa palavra a manipulação, de forma a, enfraquecendo os estados, tirar partido das sementes lançadas ao chão fértil dos mais legítimos anseios dos povos por liberdade e democracia, a fim de salvaguardar os seus interesses mais repugnantes, sob a capa até de nobres direitos humanos, eles próprios distorcidos por esses interesses .
Fui dos primeiros a denunciar esse tipo de enredos logo no início do século e no muito que a propósito publiquei no Actual, semanário de Luanda extinto.
Continuo agora no Página Global a colocar o dedo na mesma ferida de então: não é através desse tipo de ingerências que algumas vez os povos irão trilhar um caminho saudável para o aprofundamento da democracia, visando sobretudo equilíbrio, solidariedade, participação na gestão da coisa pública, justiça social e paz!
A “experiência” deste tipo de ingerências começou com a desagregação da União Soviética e as transformações na Rússia, na Hungria, na Ucrânia, por toda a Europa do Leste, numa “onda” que foi sendo mantida até aos nossos dias, (Ásia Central e “primavera árabe”) que conduziu à guerra ao estilhaçar a Jugoslávia e as nações que emergiram no passo do Cáucaso.
A factura do desaparecimento do socialismo na Europa do Leste e União Soviética começa também a ser paga na Europa tal como nos Estados Unidos: o neo liberalismo vai destruindo conquistas sociais alcançadas pelas lutas que se desenrolaram desde o início da Revolução Industrial.
Em África há também condições para provocar a desagregação nas sociedades e a implosão dos estados, neste caso explorando tanto as fragilidades e vulnerabilidades internas, como problemas seculares de fronteiras, conforme aliás os próprios norte americanos conhecem (é só relembrar os conceitos de Theresa Whelan sobre “áreas sem governação”).
Fiquei na expectativa quando os manifestantes da Praça Tahrir no Egipto enviaram uma mensagem de solidariedade ao “Occupy Wall Street” (http://www.guardian.co.uk/world/2011/oct/25/egyptian-protesters-occupy-wall-street?newsfeed=true) e afinal não foi necessário esperar muito para ver.
O Jornal de Angola, reportando-se a numerosos órgãos da imprensa internacional noticia (http://jornaldeangola.sapo.ao/13/4/governo_do_egipto_acusa_washington):
“A ministra da Cooperação Internacional do Egipto acusou os Estados Unidos de financiarem Organizações Não-Governamentais para criar um estado de caos prolongado no país, noticiou a imprensa egípcia.
A ministra Fayza Abul Naga, considerada a mentora de uma investigação judicial contra 44 activistas, incluindo 19 norte-americanos, fez esta acusação em declarações prestadas a juízes e acrescentou que Estados Unidos e Israel querem desviar os acontecimentos que culminaram com a queda de Mubarak, para servir os seus próprios interesses.
Os acontecimentos de Janeiro do ano passado, disse a governante, foram uma surpresa para os Estados Unidos e escaparam ao seu controlo quando se transformaram numa revolução popular.
Por essa razão, acrescentou a ministra egípcia Abul Naga, os Estados Unidos decidiram empregar todos os seus recursos e instrumentos para conter a situação e conduzi-la de acordo com os interesses norte-americanos e israelitas.
Washington e Telavive, sublinhou, não podiam criar um estado de caos e trabalhar no sentido de o manter no Egipto, por isso financiaram directamente organizações, em especial norte-americanas, como maneira de alcançarem esses objectivos, afirmou.
Abul Naga é uma das poucas ministras que fez parte do governo do antigo presidente Hosni Mubarak”.
O Washington Post confirma a regra, conforme o artigo publicado a 6 de Fevereiro (“O Wasington Post confirma a regra, de acordo com o artigo Egypt names Americans charged in NGO probe; Sam LaHood among those facing criminal charges” – http://www.washingtonpost.com/world/egypt-to-prosecute-americans-in-ngo-probe/2012/02/05/gIQAQRderQ_story.html).
Os egípcios, juntando-se a outros (inclusive nos próprios Estados Unidos) vão tendo uma consciência mais apurada da evolução da situação, apercebem-se cada vez mais que por dentro das comunidades, programas dirigidos por entidades “inteligentes” norte americanas e muitas vezes preenchidos por seus agentes (incluindo agentes locais), sob a capa atractiva de mais liberdade e democracia, defendem os interesses do império e apenas estão interessados na mudança de “moscas” conforme as conveniências da hegemonia anglo-saxónica…
O logro é de tal ordem nas “primaveras árabes” que, tal como nos Balcãs (Kosovo) e no Cáucaso (Chechénia), o capitalismo socorre-se de fundamentalismos gerados à sombra dos “freedom fighters” da Al Qaeda para se fazer prevalecer (Líbia e Síria).
O peso específico das monarquias árabes obriga-o a tal, pois ao “salvar os reis”, o capitalismo dos monopólios salva seus interesses históricos no petróleo da península Arábica, um êxito que procura estender a outras regiões (Líbia, já consumado, Irão, por consumar).
Essa é também a fórmula de compressão geo estratégica sobre a Rússia e a China, ensaio para outros pontos do Globo, América Latina e África incluídas.
O capitalismo tenta sempre fórmulas de logro, cabe agora à consciência cidadã e às resistências com respeito pela história dos Continentes e das nações, em especial aquelas nações sofridas que emergiram de longas lutas de libertação contra o colonialismo, o “apartheid” e suas sequelas como acontece na América Latina e na África Austral, encontrarem soluções alternativas, aprofundando a paz e conferindo participação à democracia, sacrificando o espaço conferido à “representatividade”.
As provas de ingerência do império nas sociedades e nos estados vão-se acumulando, o que provoca o aumento das tensões e dos conflitos, à medida que, além do mais, a “batota” seja conhecida e as resistências melhor se organizem…
… coisas que a globalização tece…
Foto: A ministra egípcia quando prestava depoimento em tribunal.
DA IMPRENSA
A ministra Fayza Abul Naga acusa os EUA
A ministra da Cooperação Internacional do Egipto acusou os Estados Unidos de financiarem Organizações Não-Governamentais para criar um estado de caos prolongado no país, noticiou a imprensa egípcia.
A ministra Fayza Abul Naga, considerada a mentora de uma investigação judicial contra 44 activistas, incluindo 19 norte-americanos, fez esta acusação em declarações prestadas a juízes e acrescentou que Estados Unidos e Israel querem desviar os acontecimentos que culminaram com a queda de Mubarak, “para servir os seus próprios interesses”.
Os acontecimentos de Janeiro do ano passado, disse a governante, “foram uma surpresa para os Estados Unidos e escaparam ao seu controlo quando se transformaram numa revolução popular”.
Por essa razão, acrescentou a ministra egípcia Abul Naga, “os Estados Unidos decidiram empregar todos os seus recursos e instrumentos para conter a situação e conduzi-la de acordo com os interesses norte-americanos e israelitas”.
Washington e Telavive, sublinhou, “não podiam criar um estado de caos e trabalhar no sentido de o manter no Egipto, por isso financiaram directamente organizações, em especial norte-americanas, como maneira de alcançarem esses objectivos”, afirmou. Abul Naga é uma das poucas ministras que fez parte do governo do antigo presidente Hosni Mubarak.
A ministra da Cooperação Internacional do Egipto acusou os Estados Unidos de financiarem Organizações Não-Governamentais para criar um estado de caos prolongado no país, noticiou a imprensa egípcia.
A ministra Fayza Abul Naga, considerada a mentora de uma investigação judicial contra 44 activistas, incluindo 19 norte-americanos, fez esta acusação em declarações prestadas a juízes e acrescentou que Estados Unidos e Israel querem desviar os acontecimentos que culminaram com a queda de Mubarak, “para servir os seus próprios interesses”.
Os acontecimentos de Janeiro do ano passado, disse a governante, “foram uma surpresa para os Estados Unidos e escaparam ao seu controlo quando se transformaram numa revolução popular”.
Por essa razão, acrescentou a ministra egípcia Abul Naga, “os Estados Unidos decidiram empregar todos os seus recursos e instrumentos para conter a situação e conduzi-la de acordo com os interesses norte-americanos e israelitas”.
Washington e Telavive, sublinhou, “não podiam criar um estado de caos e trabalhar no sentido de o manter no Egipto, por isso financiaram directamente organizações, em especial norte-americanas, como maneira de alcançarem esses objectivos”, afirmou. Abul Naga é uma das poucas ministras que fez parte do governo do antigo presidente Hosni Mubarak.
Leia mais de Martinho Júnior
2 comentários:
Inauguração do Estado Policial EUA 2012: Obama assina o “Decreto de Autorização da Defesa Nacional”
Michel Chossudovsky
Dizer que 1 de Janeiro de 2012 é “um dia triste para os EUA” é um eufemismo. A assinatura do Decreto HR 1540 e a sua passagem a letra de lei equivale a militarizar a aplicação da lei, a revogação do Decreto Posse Comitatus e a inauguração, em 2012, do Estado Policial EUA.
http://www.odiario.info/?p=2341
A desmontagem da "Democracia Representativa"
– novo livro de Jean Salem
por Miguel Urbano Rodrigues
Jean Salem, com o seu livro "Élections, piège à cons? Que reste-t-il de la démocratie?" [1] dá um contributo valioso para a desmontagem do mito da chamada democracia representativa. Em apenas 104 páginas, o autor consegue imprimir força de evidência a um conjunto de questões que condicionam o futuro da humanidade. Ilumina as engrenagens da falsa democracia, desmonta os mecanismos do circo eleitoral e alerta para o papel que a manipulação mediática representa hoje na estratégia de poder do grande capital.
http://resistir.info/mur/salem_25fev12.html
http://www.odiario.info/?p=2392
Enviar um comentário