segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Controlinveste: Reorganização na TSF leva a extinção de postos de trabalho


Sol – Lusa

A TSF iniciou um processo de reorganização que passa pelo encerramento de delegações e extinção de postos de trabalho, disseram à Lusa dois jornalistas da estação, enquanto o director da TSF apenas revela que tem em curso uma reorganização financeira.

«A TSF tem em curso uma reorganização financeira que será comunicada a toda a redacção até final da semana», afirmou Paulo Baldaia, escusando-se a adiantar mais informação.

Já os jornalistas da TSF em Évora e em Faro confirmaram à Lusa que essa reorganização vai implicar o encerramento das duas delegações, tendo-lhes sido anunciada hoje a extinção dos postos de trabalho nestes locais, por questões de ordem orçamental.

Segundo o jornalista da TSF em Évora, Carlos Júlio, a direcção já estaria a contactar jornalistas e técnicos de forma individual, o que significou que as diferentes pessoas desconheciam a situação umas das outras, envolvendo ainda pessoas da redacção de Lisboa.

Carlos Júlio, na TSF desde 1990, considera «curiosa» a decisão, tendo este recebido o prémio Gazeta de Rádio no ano passado, dado pelo Clube de Jornalistas, com a reportagem 'A terra a quem a trabalha'.

Por seu lado, a jornalista da TSF em Faro, Maria Augusta Casaca, confirmou apenas o encerramento da delegação, sem querer adiantar mais informações, numa cidade onde a rádio já partilhava espaço com o Diário de Notícias, também do grupo Controlinveste, e utilizava a mesma viatura de serviço.

Maria Augusta Casaca foi a vencedora do prémio de jornalismo Direitos Humanos & Integração em 2010, na categoria de rádio, com o trabalho 'O silêncio dos dias', tendo também ganho o primeiro prémio de jornalismo da Associação Nacional de Municípios Portugueses em 2007.

A Lusa tentou contactar a administração da estação, mas tal não foi possível em tempo útil.

Nota Página Global

A Controlinveste continua na purga. Agora vai chegar com toda a força à TSF, por onde, de certo modo, já andou a cirandar e a mudar a rádio que mudou a rádio em Portugal. Após o surgimento das emissões da TSF é que os portugueses compreenderam o que não era uma rádio bolorenta e sem peias, onde a notícia, o debate, os foruns corriam pelo eter com celeridade, formando e informando.

A TSF existe oficialmente desde 1981, data em que que foi criada a Cooperativa de Profissionais de Rádio, constituida por cerca de uma vintena dos que se revelariam os melhores trabalhadores da rádio, alguns oriundos de outras estações de rádio que existiam, práticamente todos ligados a orgãos de comunicação social. Foi em 1984 que a TSF espalhou no eter a sua primeira emissão "pirata" numa casa da Penha de França, em Lisboa, paredes meias com o Bairro de Inglaterra, num prédio onde para se chegar tinhamos obrigatoriamente de subir ou descer umas tortuosos e largas escadas em que a rua terminava para os que vinham do lado da Avenida Almirante Reis.

A TSF mudou realmente a rádio em Portugal. Na atualidade já se notam mazelas que a têm prejudicado e retirado algumas das suas excecionais caracteristicas, no entanto ainda é a melhor rádio portuguesa a nível de informação e de liberdade na expressão. Não por acaso, mas sim com o propósito, é a TSF Rádio Notícias.

Pelo supra noticiado ficamos a saber que a TSF é agora objeto declarado do ataque da Globalinveste à qualidade do seu produto final e à qualidade dos profissionais que souberam herdar dos idos ou ainda vivos fundadores o espírito TSF. Ele existe mas em cada dia que passa está a ficar moribundo. A baixa qualidade da informação em Portugal vai ficar a notar-se menos por a Controlinveste continuar a procurar destruir os referenciais do jornalismo de qualidade que adquiriu, como o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias... e agora a TSF.

Com os despedimentos na TSF, como nos já citados Diário de Notícias e Jornal de Notícias, e as já praticadas e agora anunciada remodelação, a Controlinveste está a provar que errou no ramo em que devia investir, melhor seria que o tivesse feito na área dos enchidos. Sem dúvidas, porque é o que vai lentamente acontecendo à informação em Portugal manuseada por otimos operadores de enchimento de chouriços e afins. E tantos eram os ingénuos que julgavam que a TSF a isso seria poupada. (Redação PG)

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