sábado, 4 de fevereiro de 2012

Egito vive outro dia convulsivo, com problemas de segurança



Prensa Latina, com foto

Cairo, 4 fev (Prensa Latina) Um verdadeiro caos se estende hoje por diferentes zonas desta capital, palco de novos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, enquanto continuam os protestos de rua contra a Junta Militar em Suez e Alexandria.

Torcedores das equipes de futebol Zamalek e Al-Ahly, este último protagonista de uma batalha campal com o time Al-Masry de Porto Said que deixou na quarta-feira 74 mortos, continuam se concentrando nas imediações do Ministério do Interior no Cairo.

Depois de choques durante a noite e a madrugada, com escassos momentos de aparente trégua, torcidas e ativistas revolucionários voltaram à carga contra a instituição que condenam por sua inoperância, supostamente deliberada, na matança em Porto Said.

O governo ordenou a investigação dos últimos incidentes na capital, que provocaram cinco mortos, três aqui e dois em Suez, bem como quase dois mil feridos, incluídos 221 oficiais e recrutas da polícia, levando em conta que ontem se contabilizaram 1.051 lesionados.

Agitando bandeiras das duas equipes de futebol mais populares da capital egípcia e fotos de jovens mortos nos distúrbios da quarta-feira, os inconformados tentaram nesta manhã derrubar cercas e ultrapassar a barreira de policiais que protege a sede ministerial.

Segundo a televisão estatal, dois mil uniformados foram mobilizados para reforçar a proteção do edifício, apesar de que os manifestantes seguiam de prontidão em seus arredores, muitos com máscaras para se protegerem dos gases lacrimogênios disparados pela polícia.

No meio do lançamento de pedras entre ambos os bandos, emana fumaça de um escritório de cobrança de impostos imobiliários, vizinha ao ministério e incendiada durante os choques, depois de que jovens a tomaram como base para responderem aos ataques policiais.

Ainda que torcidas como a Fared disseram à Prensa Latina estarem animados, mais por sede de justiça pelos seus amigos mortos que por razões políticas, a multidão cantava consignas de "hurreiya, hurreiya" (liberdade, liberdade) e contra a Junta Militar e o Governo.

No entanto, o ambiente de caos no centro de Cairo, que incluiu também a praça Tahrir, que fica próxima, se uniu à inquietude dos cidadãos após a informação de que 27 presos, supostamente delinquentes, escaparam após um assalto armado a uma estação da polícia em El-Marj.

Os atacantes feriram dois oficiais e colocaram fogo no posto policial no norte da capital, enquanto as autoridades empreenderam uma operação de busca e captura dos fugitivos.

A deterioração da segurança no Egito se evidenciou também na sexta-feira com uma tentativa frustrada de assalto armado a uma sucursal bancária na cidade de Suez, onde bandidos aproveitaram o clima de convulsão pelos protestos de condenação ao incidente letal em Porto Said.

Outro banco e um carro forte foram atacados e roubados na última segunda-feira, em ações separadas, por parte de grupos armados no Cairo, enquanto em Alexandria intensificam-se as expressões de descontentamento diante da Direção de Segurança e instalações militares.

A agência oficial de notícias MENA reportou que dois turistas estadunidenses foram liberados após ficarem várias horas sequestrados por beduínos no Sinaí, o mesmo palco onde esta semana 25 trabalhadores chineses foram tomados como reféns.

Diante do generalizado movimento reivindicativo e das ações violentas de "infiltrados" nos protestos, o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) acusou ontem à noite "partes estrangeiras" de incitarem a violência, o caos e a subversão.

"O país atravessa a etapa mais perigosa e mais importante de sua história, o que requer de todos os filhos da nação egípcia união e solidariedade para encerrarem a discórdia e enfrentarem as tentativas de escalada por partes estrangeiras e outras internas", indicou a mensagem.

Ao mesmo tempo, o CSFA pediu ajuda a todas as forças políticas do Egito para restaurar a estabilidade no país, conter a atual crise e frear a violência.

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