... os opositores ao regime têm poucos aliados»
Entrevista ao escritor Juan Tomás Ávila Laurel
Malabo - Juan Tomás Ávila Laurel, escritor da Guiné Equatorial, iniciou em Fevereiro de 2011, uma greve de fome como forma de protesto contra a ditadura de Teodoro Obiang Nguema, que o levou a abandonar o país devido às fortes pressões movidas pelo regime. Em entrevista à PNN, o ensaísta fala sobre a política equato-guineense e os resultados alcançados no último ano.
PNN - Faz este mês de Fevereiro um ano que iniciou uma greve de fome, como protesto contra o regime de Teodoro Obiang. Quais os resultados que alcançou até ao momento?
Juan Tomás Ávila Laurel (JTAL) – Os resultados alcançados são um maior conhecimento da situação na Guiné Equatorial e uma maior sensibilidade de um maior número de pessoas para esta causa. Desde que inicei a greve de fome, conseguimos que o Parlamento Europeu e o Parlamento Catalão emitisse uma nota de condenação contra a ditadura na Guiné Equatorial. Também a Justiça dos Estados Unidos da América, adoptou medidas contra Teodoro Nguema Obiang, bem como, a justiça francesa contra o filho do ditador.
Não atribuo a mim, de forma alguma, a responsabilidade destas acções realizadas tanto pela justiça francesa como norte-americana, mas recordo que já faz algum tempo que o filho do Presidente Teodoro Obiang possui bens ilegais, que foram apreendidos e cuja a investigação está em marcha. Contudo, não posso dizer qual a real extensão desta minha acção.
PNN - No inicio do seu protesto afirmou que a Guiné Equatorial é «uma ditadura que nos come a alma». Porque diz isso?
JTAL - No meu país fazem-se coisas, como se quem as fizesse, estivesse privado de qualquer tipo de suporte espiritual. Afirmo mais uma vez que na Guiné Equatorial nos estamos a tornar em animais.
PNN – Até Fevereiro de 2011, era dos poucos opositores ao regime a residir no país. O que o levou a sair?
JTAL - Durante a minha greve de fome, tomei consciência que os opositores ao regime têm poucos aliados. E durante este protesto ocorreu uma situação pontual que me obrigou a abandonar o país. Se tivesse conseguido resolver esta situação, não teria saído.
PNN - Quando regressar à Guiné Equatorial não teme represálias pela sua contestação ao regime?
JTAL - Claro que sim. Porém a mesma necessidade de dar voz a toda esta contestação implica regressar. Não o fazer significa deixar o país nas mãos de quem tortura a sua população. Por outro lado, percebe-se que a simples abordagem da questão significa que até ao momento em que iniciei a greve de fome, não havia nenhuma contestação ao regime apesar da existência de partídos polítcos.
PNN - Encontra-se a residir em Espanha. Qual é a situação actual?
Juan Tomás Ávila Laurel (JTAL) – Os resultados alcançados são um maior conhecimento da situação na Guiné Equatorial e uma maior sensibilidade de um maior número de pessoas para esta causa. Desde que inicei a greve de fome, conseguimos que o Parlamento Europeu e o Parlamento Catalão emitisse uma nota de condenação contra a ditadura na Guiné Equatorial. Também a Justiça dos Estados Unidos da América, adoptou medidas contra Teodoro Nguema Obiang, bem como, a justiça francesa contra o filho do ditador.
Não atribuo a mim, de forma alguma, a responsabilidade destas acções realizadas tanto pela justiça francesa como norte-americana, mas recordo que já faz algum tempo que o filho do Presidente Teodoro Obiang possui bens ilegais, que foram apreendidos e cuja a investigação está em marcha. Contudo, não posso dizer qual a real extensão desta minha acção.
PNN - No inicio do seu protesto afirmou que a Guiné Equatorial é «uma ditadura que nos come a alma». Porque diz isso?
JTAL - No meu país fazem-se coisas, como se quem as fizesse, estivesse privado de qualquer tipo de suporte espiritual. Afirmo mais uma vez que na Guiné Equatorial nos estamos a tornar em animais.
PNN – Até Fevereiro de 2011, era dos poucos opositores ao regime a residir no país. O que o levou a sair?
JTAL - Durante a minha greve de fome, tomei consciência que os opositores ao regime têm poucos aliados. E durante este protesto ocorreu uma situação pontual que me obrigou a abandonar o país. Se tivesse conseguido resolver esta situação, não teria saído.
PNN - Quando regressar à Guiné Equatorial não teme represálias pela sua contestação ao regime?
JTAL - Claro que sim. Porém a mesma necessidade de dar voz a toda esta contestação implica regressar. Não o fazer significa deixar o país nas mãos de quem tortura a sua população. Por outro lado, percebe-se que a simples abordagem da questão significa que até ao momento em que iniciei a greve de fome, não havia nenhuma contestação ao regime apesar da existência de partídos polítcos.
PNN - Encontra-se a residir em Espanha. Qual é a situação actual?
JTAL - Não tenho estatuto de exilado. Actualmente, estou a residir em Espanha com visto temporário de residência. O estatuto de exilado é “limitador”.
PNN - Tem encontrado mais apoio por parte da sociedade Espanhola ou pela comunidade Equato-Guineense?
JTAL - Tenho encontrado um maior apoio nas pessoas em geral, mais do que numa comunidade específica. A incapacidade de ter contacto com uma vasta comunidade de cidadãos de ambos os países impede-me de fazer generalizações. Contudo a nossa causa é seguida por muita gente.
PNN - Qual é o objectivo da criação da associação «Contri na Contri»?
JTAL - A associação «Contri na Contri» é uma associação que procura apoio político, logístico e económico para lutar contra a ditadura.
PNN - A Guiné Equatorial poderá entrar brevemente para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Como vê esta entrada? Considera que poderá ser positivo para o seu país?
JTAL - A actual realidade da Guiné Equatorial impede que uma instituição internacional, que é representada por Chefes de Estado de vários países, tenha qualquer tipo de impacto sobre a população equato-guineense. Na verdade, não é um desejo do povo da Guiné Equatorial pertencer a qualquer outra instituição, uma vez que essa integração não terá qualquer impacto directo nas suas vidas. A Guiné Equatorial se quiser tomar alguma atitude não precisa de recorrer ao estrangeiro, o país tem dinheiro. Se não o faz, é porque não têm interesse.
Na minha opinião a entrada na CPLP, não iria melhorar a situação do país, inclusivamente, poderá até piorar, uma vez que a ditadura é amiga dos eventos internacionais, nos quais pode demonstrar o poder do dinheiro, como aconteceu recentemente na Cimeira da União Africana.
PNN - Para quando a publicação dos seus livros em Língua Portuguesa? Existem contactos/interesses por parte das editoras em Portugal?
JTAL - As editoras em Portugal não me conhecem, contudo espero que a partir deste momento tenham conhecimento que sou um escritor cuja obra merece ser conhecida em Portugal, e à margem da Comunidade de Língua Portuguesa.
PNN - Publicou recentemente um livro «Diccionario básico y aleatório de la dictadura guineana». O que retrata?
JTAL - O livro retrata algumas reflexões sobre alguns assuntos pilares da ditadura dominante na Guiné Equatorial. Este livro é uma continuação de um livro similar intitulado »Cómo convertir este país en um paraíso».
- Outras reflexões sobre a Guiné Equatorial poderão ser encontradas no meu site Guineanos.org.
PNN - Tem encontrado mais apoio por parte da sociedade Espanhola ou pela comunidade Equato-Guineense?
JTAL - Tenho encontrado um maior apoio nas pessoas em geral, mais do que numa comunidade específica. A incapacidade de ter contacto com uma vasta comunidade de cidadãos de ambos os países impede-me de fazer generalizações. Contudo a nossa causa é seguida por muita gente.
PNN - Qual é o objectivo da criação da associação «Contri na Contri»?
JTAL - A associação «Contri na Contri» é uma associação que procura apoio político, logístico e económico para lutar contra a ditadura.
PNN - A Guiné Equatorial poderá entrar brevemente para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Como vê esta entrada? Considera que poderá ser positivo para o seu país?
JTAL - A actual realidade da Guiné Equatorial impede que uma instituição internacional, que é representada por Chefes de Estado de vários países, tenha qualquer tipo de impacto sobre a população equato-guineense. Na verdade, não é um desejo do povo da Guiné Equatorial pertencer a qualquer outra instituição, uma vez que essa integração não terá qualquer impacto directo nas suas vidas. A Guiné Equatorial se quiser tomar alguma atitude não precisa de recorrer ao estrangeiro, o país tem dinheiro. Se não o faz, é porque não têm interesse.
Na minha opinião a entrada na CPLP, não iria melhorar a situação do país, inclusivamente, poderá até piorar, uma vez que a ditadura é amiga dos eventos internacionais, nos quais pode demonstrar o poder do dinheiro, como aconteceu recentemente na Cimeira da União Africana.
PNN - Para quando a publicação dos seus livros em Língua Portuguesa? Existem contactos/interesses por parte das editoras em Portugal?
JTAL - As editoras em Portugal não me conhecem, contudo espero que a partir deste momento tenham conhecimento que sou um escritor cuja obra merece ser conhecida em Portugal, e à margem da Comunidade de Língua Portuguesa.
PNN - Publicou recentemente um livro «Diccionario básico y aleatório de la dictadura guineana». O que retrata?
JTAL - O livro retrata algumas reflexões sobre alguns assuntos pilares da ditadura dominante na Guiné Equatorial. Este livro é uma continuação de um livro similar intitulado »Cómo convertir este país en um paraíso».
- Outras reflexões sobre a Guiné Equatorial poderão ser encontradas no meu site Guineanos.org.
(c) PNN Portuguese News Network
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