sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Timor-Leste: MORREU JOÃO CARRASCALÃO



Público - Lusa

O histórico dirigente timorense João Carrascalão morreu nesta sexta-feira aos 65 anos em Díli, informou a embaixadora de Timor-Leste em Portugal e sua irmã, Natália Carrascalão.

Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão era actualmente o embaixador de Timor-Leste em Seul (Coreia do Sul).

João Viegas Carrascalão fundou e dirigiu a UDT - primeiro partido a ser criado em Timor-Leste após 1974 e o fim do domínio colonial português.

Era desde 1993 o presidente do Conselho Superior Político, órgão responsável pela direcção política do partido, pela execução da estratégia traçada pelo Congresso e pela fiscalização política das actividades de todos os órgãos da UDT.

Natália Carrascalão estava a caminho de Timor-Leste, quando, numa escala em Singapura, foi “surpreendida com a notícia”.

A embaixadora adiantou à Lusa que João Carrascalão morreu “há umas horas” e que se encontrava bem de saúde, apesar dos conhecidos problemas cardíacos e de diabetes.

“Não tinha nada de muito especial e ainda ontem [quinta-feira] esteve num jantar”, referiu, acrescentando que ainda não tem indicações sobre o funeral do irmão.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2007, mas ficou-se pelos 1,72% dos votos, em último lugar, tendo apoiado José Ramos-Horta na segunda volta. Um resultado eleitoral que quase ditou a morte da UDT, que chegou a ser equacionada.

João Carrascalão estudou Topografia em Luanda (Angola) e especializou-se em Cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia.

Foi responsável pelas Infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste, que se seguiu ao referendo de 1999.

Como líder da UDT foi responsável pelo Movimento 11 de Agosto de 1975, o golpe da UDT que conduziu à guerra civil no país.

João Carrascalão disse sempre que não se arrependia de nada do que tinha feito na política e considerou que a acção de 1975 visava a unidade nacional, auto-determinação e o afastamento do comunismo como aconteceu em África.

A guerra civil que se seguiu ao Movimento do 11 de Agosto, acabou por facilitar a invasão da Indonésia ao território então português, em 8 de Dezembro de 1975.

Nota Página Global

Apesar de existir no coletivo de Página Global o conhecimento do depauperado estado de saúde de João Viegas Carrascalão o seu falecimento constitui uma grande tristeza para os que de nós tiveram o privilégio de com ele conviver, há mais ou menos tempo. A toda a família Carrascalão, a Timor-Leste em geral, queremos expressar os nossos sentidos pêsames e o desejo de que os timorenses saibam honrar o seu irmão agora acompanhado do omnipotente.


- O jornalista Adelino Gomes lembrou na TSF um episódio a que assistiu e que revela o temperamento de João Carrascalão
- Na TSF, Pascoela Barreto, primeira embaixadora de Timor em Portugal, recordou um episódio que teve o amigo como protagonista
- A antiga encarregada de negócios de Portugal na Indonésia e ex embaixadora em Timor, Ana Gomes, salientou na TSF o amor de João Carrascalão pelo seu país

Leia mais sobre Timor-Leste - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

1 comentário:

Anónimo disse...

A Lucrécia deseja os pesames à familia do Sr. João Carrascalão.

No dia em que o Sr. Presidente foi de avião para a Austrália ferido, o Sr. João Carrascalão acompanhou o Dr. José Ramos Horta.
O Presidente ferido agarrou-se ao braço do Sr. João Carrascalão e pediu, se eu morrer não abandones os Timorenses. A vida pregou partidas e contra todas as probabilidades, o Sr. João Carrascalão partiu mais cedo. Ainda fazia muita falta aqui em Timor, gente boa essa raça de Carrascalões, que tanto lutaram por um Timor mais justo e livre.
Homens desses já não se fabricam.

Beijinhos da Querida Lucrécia

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