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Lisboa, 24 fev (Lusa) -- O presidente do parlamento timorense, Fernando La Sama de Araújo, expressou preocupação sobre a continuidade do serviço em português do canal Euronews numa carta, hoje divulgada, endereçada à Assembleia da República portuguesa.
"Tomei a iniciativa de lhe escrever para manifestar a profunda preocupação que sinto, enquanto presidente do parlamento nacional e cidadão timorense, em relação à continuidade da emissão em língua portuguesa do canal Euronews", referiu Araújo na carta, endereçada à presidente do parlamento português, Assunção Esteves, e a outros deputados.
O presidente do conselho de administração da Euronews, Michael Peters, informou ao Parlamento português, em 18 de janeiro, que RTP já declarou que não renovará o contrato com o canal, que em maio partirá para o despedimento coletivo de 17 jornalistas portugueses e encerrará o serviço em português em janeiro de 2013, se não encontrar financiamento.
Nesta ocasião, Peters deixou aos deputados portugueses cinco possibilidades para que se mantenha o serviço em língua portuguesa na estação de notícias internacional depois de 31 de janeiro de 2013, que pesa anualmente ao orçamento da RTP cerca de 1,8 milhões de euros, a que acrescem 360 mil euros de obrigações da estação pública enquanto acionista da Euronews.
"Em Timor-Leste, pela sua intrínseca diversidade linguística e cultural, e pelas cicatrizes deixadas pela ocupação que se seguiu à proclamação da independência, a política da língua é essencial à construção da identidade nacional, à consolidação do Estado de Direito, à afirmação do país na região e no mundo e bem como a garantia de desenvolvimento harmonioso e pacífico", sublinhou ainda a carta de La Sama de Araújo.
O presidente do parlamento timorense referiu ainda que Timor-Leste está entre os diversos países que recebem os programas do canal internacional.
"Neste sentido, não poderia deixar de lamentar que constrangimentos ou dificuldades financeiras conjunturais viessem a comprometer a continuidade desse serviço", referiu.
Segundo o político timorense, também candidato ás presidenciais de 17 de março, "as atuais circunstâncias impõem a afirmação e expansão da língua portuguesa no mundo e a articulação de uma estratégia coerente que terá sempre que passar pelos meios de comunicação".
"Pese embora as exigências do atual momento, confiamos que será possível vir a encontrar uma solução que permita salvaguardar a presença da língua portuguesa num veículo de comunicação com o impacto da Euronews", referiu ainda La Sama Araújo.
O deputado português José Ribeiro e Castro (CDS-PP), que tem protagonizado a oposição ao fecho do serviço da Euronews, admitiu, a 30 de janeiro, a possibilidade de a Comissão Europeia apoiar a manutenção das emissões em língua portuguesa, cenário que diz ser "indispensável" e de elevado valor para o país e para a língua.
"Seria um recuo histórico trágico se Portugal se retirasse do projeto", declarou naquela ocasião o deputado do CDS-PP à agência Lusa, em Bruxelas, onde se reuniu sobre o assunto com Viviane Reding, comissária para a Justiça e para os Direitos dos Cidadãos.
O serviço em língua portuguesa é assegurado por 17 jornalistas portugueses em regime permanente e ainda cerca de 20 "free lancers" portugueses, que se encarregam do noticiário em português. O português é uma das onze línguas em que emite a Euronews, que conta com cerca de 400 jornalistas de 23 nacionalidades.
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