MYB – Lusa, com foto
São Tomé, 17 fev (Lusa) - Pelo menos 1128 pessoas foram infetadas só em janeiro deste ano por malária, quase o dobro do registado no mesmo período do ano passado, revelou a coordenadora são-tomense do programa de luta contra o paludismo, Maria de Jesus Trovoada.
"Não é um resultado que nos agrada, estamos nessa luta rumo à eliminação [da doença] e todos os casos que vão surgindo são de extrema preocupação para nós", disse a coordenadora de luta contra o paludismo, Maria de Jesus Trovoada, que se escusou a revelar o numero de óbitos registados.
A cifra foi apresentada durante uma reunião da comissão nacional de luta contra o paludismo presidida pelo chefe de Estado são-tomense, Manuel Pinto da Costa, em que participaram doadores internacionais, o presidente da assembleia nacional, do supremo tribunal de justiça, procurador-geral da República e vários membros do governo, das câmaras distritais e técnicos da saúde.
Maria de Jesus Trovoada apontou "vários fatores" para o crescimento dos números, entre os quais o atraso na pulverização de inseticidas das residências como estando "na causa da recrudescência" da malária no arquipélago.
"Nós hoje mais do que nunca estamos muito mais vulneráveis, uma vez que já perdemos a imunidade que tínhamos adquirido ao longo dos anos e isso coloca-nos muito mais predispostos à infeção", explicou Maria Trovoada.
Neste encontro foram definidas novas estratégias de luta contra a malária e uma delas passa pela substituição do produto usado na pulverização das casas e edifícios públicos
"Nós temos um produto que já foi identificado, que já não é do mesmo grupo, portanto precisamente para evitar a resistência do 'Anopheles' [mosquito transmissor da doença]. É claro que essa intervenção vai ser antecedida de toda a segurança, incluindo testes para se precaver o que possa vir a acontecer", acrescentou.
O reinício da campanha de pulverização nas residências vai ser retomado já na próxima semana nos distritos de Agua Grande e Mé Zochi, ambos considerados com maior índice de infetados.
"A luta contra o paludismo deverá ser o mais abrangente possível e alicerçada num amplo quadro de solidariedade nacional com responsabilidade partilhada", disse Pinto da Costa.
O chefe de estado são-tomense afirma que decidiu "empenhar-se pessoalmente" na luta contra o paludismo, tendo considerado este encontro como "um espaço de diálogo, de análise das vertentes sanitárias e sociais do problema e dos impactos no bem-estar do cidadão e no desenvolvimento económico" do arquipélago.
No encontro que decorreu no Palácio dos Congressos, na capital são-tomense, os parceiros de São Tomé e Príncipe que apoiam o programa de luta contra o paludismo, nomeadamente Portugal, Taiwan e os Estados Unidos da América manifestaram disponibilidade para um maior engajamento.
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