quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Timor-Leste arrisca falhar maioria dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio - ONU



CFF - Lusa

Banguecoque, 15 fev (Lusa) - Timor-Leste arrisca falhar a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, alertaram hoje especialistas das Nações Unidas, adiantando que o combate à pobreza, subnutrição infantil e mortalidade materna estão longe das metas para 2015.

"As áreas que continuam a representar desafios ou estão desalinhadas com os objetivos para 2015 incluem a pobreza, a subnutrição infantil, a mortalidade materna e o saneamento", disse Felix Piedade, conselheiro nacional do secretariado para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em Timor-Leste, citado pela IRIN, agência de informação das Nações Unidas.

Entre 2001 e 2007, o número de pessoas que em Timor-Leste vivia com menos de um dólar por dia aumentou de 36 para 50 por cento, adiantou Felix Piedade.

Em 2009, essa percentagem caiu para os 41 por cento, mas manteve-se longe do objetivo de 14 por cento estabelecido em 2004.

O ODM 1 prevê a redução da pobreza para metade até 2015.

Félix Piedade sublinhou contudo que têm sido conseguidos progressos em algumas áreas.

"Timor-Leste ultrapassou já os objetivos para 2015 da mortalidade em crianças menores de cinco anos (96/1.000 nascimentos) e da mortalidade infantil (53/1.000 nascimentos) baseado em metas traçadas em 2004", disse.

De acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o país está no caminho certo em apenas dois dos oito objetivos: educação primária universal e promoção da igualdade de género e dar mais poder às mulheres.

Ainda assim, Sílvia Cormaci, especialista em questões de igualdade de género da Organização Internacional do Trabalho, mostrou-se cética quanto aos progressos conseguidos nesta área.

A responsável regista avanços na participação política das mulheres, que representam 30 por cento dos parlamentares, uma das maiores taxas de participação na Ásia.

À espera de aprovação está também uma lei que estipula que um em cada três candidatos às eleições legislativas, agendadas para junho de 2012, tem que ser mulher.

"Mas, 70 por cento das mulheres têm trabalhos não pagos na agricultura. Há também a questão da violência doméstica, que apresenta das taxas mais elevadas da região", ressalvou Sílvia Cormaci.

"Cerca de 75 por cento das mulheres timorenses foram ou são agredidas", acrescentou.

As violações e o assédio sexual de mulheres e crianças permaneceram impunes durante a ocupação militar Indonésia. O parlamento criminalizou a violência doméstica em 2010, depois de um ano antes o país ter adotado o seu primeiro código penal.

"Muito foi feito para sensibilizar a polícia para a legislação", considerou Cormaci, adiantando que o problema tem a ver como o facto de muitas pessoas recorrerem ao sistema informal de justiça dos chefes locais.

"Há uma boa lei contra a violência doméstica, mas a sua implementação é muito difícil", disse.

Timor-Leste, uma das mais jovens nações do mundo, tornou-se independente da Indonésia em 2002 após 25 anos de guerra, a que se seguiram seis anos de instabilidade política.

Devido à violência recente no país, as Nações Unidas escolheram Timor-Leste como um dos nove países que beneficiaram de ajuda extra para atingir os ODM.

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