terça-feira, 13 de março de 2012

Após reprimir com violência manifestação pacífica, polícia angolana fecha jornal...




… independente Folha 8

A Verdade (mz)

A redacção do jornal Folha 8, um dos poucos medias privados independentes que continua existir em Angola, foi invadida esta segunda-feira (12) por agentes da polícia criminal que apreenderam 20 computadores sob a alegação de “crimes de ultraje contra o Estado” e violação da lei de imprensa do país.

Citado pelo Centro de Protecção de Jornalistas (CPJ), o editor chefe do Folha 8, Fernando Baxi, afirmou que cerca de 15 agentes da polícia criminal angolana chegaram à redacção do Folha 8 em Luanda, eram 13 horas, e levaram 20 computadores da redacção e obrigaram-lhe a remover a bateria do seu telemóvel durante a apreenção, como forma de impedi-lo de comunicar com quer quer que fosse.

Em declarações à agência Lusa, o editor do Folha 8 afirmou que esta incursão está relacionada com uma investigação criminal, iniciada em Dezembro de 2011 pelo ministério público angolano, devido a publicação no jornal de uma fotomontagem que foi postada na internet satirizando o Presidente José Eduardo dos Santos, o Vice Presidente Fernando Piedade Dias dos Santos, e o General Manuel Helder Vieira Dias Júnior Kopelipa, conselheiro militar do Presidente angolano.

Nenhuma acusação formal foi feita mas o computadores da redacção do Folha 8 podem ser usados pela acusação contra o jornal. Sem os computadores o jornal Folha 8 está impedido de publicar as suas edições.

O encerramento do Folha 8 e o interrogatório do seu editor William Tonet acontece 48 horas depois de uma tentativa de manifestação de vários jovens em Luanda e em Benguela, haver sido reprimida com brutalidade pela polícia angolana.

A manifestação havia sido convocada para o passado sábado para protestar contra as irregularidades no processo eleitoral que se avizinha e ainda para a indicação de um membro do partido no poder, MPLA, Suzana Inglês para a presidência da Comissão Nacional de Eleições de Angola.

Apesar dos protestos dos três maiores partidos da oposição com representação parlamentar, UNITA, PRS e FNLA, junto do Conselho Superior da Magistratura Judicial e do Tribunal Supremo, todas acções legais interpostas foram liminarmente rejeitadas por estes dois órgãos judiciais.

Pelo menos cinco feridos graves

Segundo o site de notícias angolano club-k, os actos de intimidação e agressão dos manifestantes pacificos tiveram início na Província de Luanda, onde alguns dos promotores da manifestação foram intimidados e agredidos ainda na véspera do dia da manifestação, nas suas próprias residências.

No dia 10 de Março, no Município do Cazenga, foram efectuados disparos com armas de fogo, por parte de agentes da polícia nacional, com o firme propósito de dispersar os manifestantes, chegando alguns dos manifestantes a refugiarem-se em residências que se encontravam nas imediações, sendo, posteriormente, estas residências arrombadas por agentes da polícia à paisana que, munidos de cabos eléctricos, agrediam os manifestantes reporta o site club-k.

Ainda em Luanda, nas imediações do Hospital Militar, um grupo de manifestantes foi agredido por indivíduos supostamente pertencentes à polícia nacional, e que naquele momento se encontravam à paisana no local. Nas imediações do Largo da Independência alguns cidadãos foram alvos de revistas por agentes da polícia que se encontravam à paisana.

Segundo este site de notícias, na Província de Benguela encontravam-se ilegalmente detidos, desde o dia 10 de Março, um dos promotores da manifestação e um jovem da brigada de jornalistas da Associação Omunga, sendo que este último se encontrava a cobrir a manifestação na qualidade de organização observadora junto da Comissão Africa dos Direitos Humanos e dos Povos.

Adão Ramos, um dos organizadores da manifestação, afirmou a agência Lusa que pelo menos cinco jovens ficaram gravemente feridos. A agência de notícias portuguesa reporta ainda que em Luanda, depois da tentativa de concentração no local conhecido por Tanque do Cazenga, para organizar a manifestação antigovernamental marcada para a Praça da Independência, dispersada à bastonada pela polícia, os manifestantes optaram por dispersar e tentar chegar à zona da manifestação em pequenos grupos.

A reportagem da Lusa testemunhou a atuação musculada de civis armados com armas brancas e cabos elétricos, a espancar alguns jovens, que eram levados, enquadrados pela polícia, para zonas vizinhas de difícil acesso. Outros jovens, com mochilas, foram interpelados pela polícia e pelos civis empunhando armas brancas, e obrigados a revelar o que transportavam.

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