Assistimos a uma verdadeira explosão de desemprego. Como se um dique tivesse cedido, as empresas ou fecham ou estão empenhadas em cortar custos com a redução dos seus empregados. O efeito bicéfalo deste grande movimento económico e social destina-se a aumentar a produtividade do trabalho nas unidades de produção que se mantêm viáveis, reduzindo custos; e a aumentar a pressão em baixa dos salários dos empregados, em geral, pela disponibilidade acrescida daqueles que procuram trabalho e não o encontram. O ponto de encontro desta lei da oferta e da procura, aplicada a seres humanos, atingiria o mínimo de subsistência para cada assalariado mais a sua prole, se entretanto não se tivesse inventado o Estado Social, com o seguro social para os desempregados resultantes das respetivas contribuições mensais dos empregados.
A dimensão do subsídio do desemprego, bem como o período da sua vigência, são elementos importantes para determinar um equilíbrio diferente, em ponto remuneratório mais alto, do anterior. Em período de aperto, eles são cortados, obrigando cada desempregado a escolher mais cedo entre a fome e a indigência, a economia paralela ou o posto de trabalho que a economia formal lhe oferecer, ao preço a que lhe for oferecido.
Mas a economia nacional não arrancará na base de uma força de trabalho desvalorizada e desmoralizada. As novas regras, mais flexíveis, só poderão resultar se aumentar a capacidade de cooptar capacidades acrescidas por parte das empresas. Rapidamente e em força.
Novo ciclo em Timor
Os timorenses vão amanhã escolher, pela terceira vez, um Presidente para o seu país, independente desde 2002. Estas eleições, e as legislativas de junho, sucedem num momento em que se joga o futuro de Timor-Leste. Foram concretizadas metas em matéria de desenvolvimento e, após um período conturbado e violento, em que o Estado primou pela ausência - pela natural razão da sua debilidade e pela importância do esquema político tradicional -, este país asiático parece ter encontrado estabilidade. Parece. A competição política que se revela nas candidaturas e seus alinhamentos mostra que uma antiga tensão entre o que se pode designar como Fretilin histórica (isto é, que não abdica do percurso desde 1974 e mantém uma mesma linha política e uma continuidade de liderança) e restantes atores políticos timorenses (e entre alguns destes) permanece tão intensa como no passado.
O fundamental neste ciclo eleitoral é que quem quer que ganhe não esqueça quase 25 anos de conflito e violência (1975-1999) e 200 mil mortos. E tenha presente os factos de 2006-2008, e o seu custo para Timor-Leste, interno e regional. Ainda que neste ponto haja uma parte de responsabilidade a imputar à comunidade internacional pelo modo como se desvinculou do território. Ou seja, há exemplos bastantes no passado para que os líderes políticos o não queiram repetir e apostem num novo ciclo. Se não o fizerem, estão a roubar o futuro ao seu país.
Sem comentários:
Enviar um comentário