terça-feira, 27 de março de 2012

BRICS. Emergentes procuram em cimeira na Índia uma influência política à sua altura



i online - Lusa

Os lideres do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) reúnem-se na quinta-feira em Nova Deli, numa cimeira destinada a reafirmar a crescente importância das economias emergentes e cuja influência política continua aquém do seu peso demográfico.

A Índia revelou que vai propor a criação de um Banco BRICS, "na linha do Banco Mundial e à altura do crescente poder económico do grupo", mas no plano global e mais imediato, os cinco países parecem ter dificuldade em acertar estratégias.

É a quarta cimeira anual do grupo, com o lema "Uma Parceria para a Estabilidade global, Segurança e Prosperidade".

Apesar de defender que "os países emergentes e em vias de desenvolvimento devem ter uma voz maior" nas organizações financeiras internacionais, em 2011 e já este ano, o bloco BRICS não conseguiu promover uma candidatura comum à direção do FMI e do Banco Mundial, cargos tradicionalmente ocupados por figuras da Europa ou dos Estados Unidos.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul representam cerca de 40 por cento da população do planeta e 18,5 por cento da produção económica global.

Segundo a sociedade financeira Goldman Sachs, nos últimos três anos, o desempenho económico dos cinco assegurou 45 por cento do crescimento mundial.

Mas, como no resto do mundo, o abrandamento também atingiu os BRICS, incluindo a China e a Índia, considerados os principais motores da recuperação económica global após a crise financeira de 2008.

No último trimestre de 2011, o crescimento da China abrandou para 8,9 por cento - um ponto percentual aquém da média anual das três décadas anteriores - e a Índia cresceu apenas 6,1 por cento, o valor mais baixo em quase três anos.

A Cimeira de Nova Deli ficará também marcada pela assinatura de dois acordos para promover o comércio entre os cinco, que em 2011 somou apenas 230 mil milhões de dólares, um valor considerado "muito aquém do potencial" e que corresponde a menos de metade do comércio China-União Europeia.

A expressão BRIC (ainda sem a África do Sul, que só em 2011 passou a integrar o grupo), foi lançada há cerca de uma década por um economista da Goldman Sachs, Jim O'Neill.

Entretanto, a China tornou-se a segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos, e o Brasil subiu ao sexto lugar em 2012, ultrapassando o Reino Unido.

Pelas contas de Jim O'Neill, desde 2001, o Produto Interno Bruto combinado dos quatro BRIC originais quadruplicou: "O mundo tem de prestar atenção a isso", adverte o economista.

"Os BRICS constituem hoje uma oportunidade como novos polos de crescimento num mundo multipolar, como ficou demonstrado durante a crise económica global, quando desempenharam um papel vital para ajudar a economia mundial a emergir das sombras da crise", afirmou um alto funcionário indiano.

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