quinta-feira, 1 de março de 2012

Cabo Verde - A DIFERENÇA DE SARA



Liberal (cv), editorial

A ministra do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território, afirmou, anteontem, o primado das ideias – concorde-se ou não com elas – sobre a vulgaridade menor do acinte e da propaganda, provocando-nos o prazer de visionar um momento televisivo de rara elevação e qualidade

Doa a quem doer, a verdade tem de ser dita. Liberal - não raras vezes acusado de ser “instrumento de propaganda”, “pasquim” e outras atoardas de quem convive mal com o jornalismo irreverente, não submisso aos poderes públicos e de denúncia -, gostou do que viu. Referimo-nos à entrevista da ministra Sara Lopes à TCV, na última terça-feira.

Manifestando uma rara segurança, Sara Lopes apresentou-se segura nas suas convicções, não se esquivou a nenhuma questão e revelou – como poucos ministros deste governo – conhecer profundamente os dossiês e saber do que estava a falar.

E fez transparecer uma outra característica rara – tão diferente das suas colegas de governo Janira Hopffer Almada, Marisa Morais, Cristina Fontes Lima e Cristina Duarte -, a humildade, a inexistência de arrogância e a urbanidade no trato, oferecendo aos telespectadores um raro momento – um elevado momento – de comunicação.

Ao contrário dos seus pares, que não raras vezes confundem a função governativa com agitação e propaganda partidária, Sara Lopes, não dispensando subtis críticas à oposição, afirmou uma grande abertura de espírito, posicionando-se como construtora de pontes de comunicação com “o outro” e arquitecta de consensos.

Independentemente da avaliação sobre a “bondade” das políticas por si defendidas, a postura da ministra deu um sinal novo ao país de como deve ser a prestação de um governante e revelou ser expressão de uma nova geração de políticos que começa a emergir na sociedade cabo-verdiana, pautando a sua actuação pela frontalidade, o conhecimento da realidade e a capacidade de, mesmo discretamente, produzir trabalho empenhado buscando os subsídios de todos, mesmo dos que pensam diferente.

E, ao contrário também de outros, Sara Lopes vem revelando uma pose discreta, não se envolvendo nas guerras partidárias e marcando presença assídua em terreno adversário, estabelecendo pontes com municípios da oposição e relações de proximidade com autarcas do “outro lado”, passando a mensagem de que o futuro de Cabo Verde tem de ser construído num “djunta mon” colectivo.

A ministra do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território, afirmou, anteontem, o primado das ideias – concorde-se ou não com elas – sobre a vulgaridade menor do acinte e da propaganda, provocando-nos o prazer de visionar um momento televisivo de rara elevação e qualidade.

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