terça-feira, 6 de março de 2012

Cabo Verde: RICOS CADA VEZ MAIS RICOS, POBRES CADA VEZ MAIS POBRES - sindicatos



Liberal (cv)

É o momento decisivo. A soberana vontade de quem trabalha terá de optar, segundo a proposta dos sindicatos, por um de dois caminhos possíveis: greve geral ou manifestação

Praia, 6 de Março 2012 – A denúncia partiu, ontem, da Central Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), “os ricos, sobretudo os da esfera do governo, estão a tornar-se cada vez mais ricos e os trabalhadores e seus familiares tornam-se cada vez mais pobres, devido às políticas de empobrecimento e de exclusão social, levadas a cabo” pelo executivo de José Maria Neves.

A frieza das palavras da central sindical, indicia os contornos de uma crispação em crescendo contra o governo e as suas políticas e, particularmente, contra a figura do Primeiro-ministro, a que o líder da CCSL, recentemente, já chamou mentiroso.

A central sindical recorda que, em 2002, José Maria Neves havia dito, numa audiência então concedida, que “os cabo-verdianos viviam nessa altura acima das possibilidades do país e que era preciso a tomada de algumas medidas”, sendo que “decorridos dez anos, temos hoje cerca de 30 por cento dos trabalhadores e das respetivas famílias a viverem na pobreza, e desses, cerca de 20 por cento vivem abaixo do limiar da pobreza, em barracas de bidões e de papelão, nas lixeiras e sem perspectivas de uma vida melhor”, refere ainda a CCSL.

Mas a vida dos cabo-verdianos, segundo a central sindical, “tende a piorar ainda mais, se tivermos em linha de conta que, em Janeiro deste ano, o governo aumentou os preços dos principais bens de primeira necessidade”, acrescido ainda dos recente aumentos dos combustíveis, da água, da electricidade e dos transportes marítimos que, por arrasto, trarão novos e previsíveis aumentos.

GOVERNO MUDO E SURDO

Para a CCSL, o executivo de JMN “mantém-se mudo e surdo sobre a necessidade imperiosa da reposição do poder de compra dos trabalhadores e das famílias caboverdianas”, recusando-se a aumentar os salários E, ao mesmo tempo, aumentam as desigualdades sociais, com os trabalhadores a levaram ínfima fatia na distribuição da riqueza, contrastando com a situação de altos funcionários do Estado “com dois ou três salários mensais de 150 e 180 mil escudos e, por outro lado, muitos trabalhadores com vencimentos inferiores a 15 mil e 10 dez mil mensais, que não chega para satisfação das suas necessidades” básicas, queixa-se a CCSL. Para já não falar de gente “sobretudo na esfera do governo, com duas pensões de reforma, de 140 ou 170 mil escudos mensais”, em contraposição a “outros com a mísera pensão” de pouco mais de cinco mil escudos.

Mas, “além dos gordos salários que recebem do Estado, essas mesmas pessoas têm direito ainda aos subsídios de renda de casa, mesmo tendo casas próprias, subsídio de telefone e internet, combustíveis gratuitos, ajudas de custos em missões improdutivas para fora do país, o direito de compra de viaturas próprias subsidiadas pelo Estado, direitos de transporte gratuitos dos filhos de e para casa, escolas e jardins etc., etc”, num role de mordomias a que a central sindical não se inibe em fazer referência.

APELO À LUTA DOS TRABALHADORES

Anunciando que todos os trabalhadores, particularmente os da Administração Pública, são “chamados através dos respectivos sindicatos, para a luta que irá ter lugar muito brevemente”, visando “a reposição do poder de compra”, a CCSL, coloca duas possibilidades: “greve geral ou manifestação?”, uma decisão que compete aos trabalhadores assumir no imediato.

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