MB - Lusa
Bissau, 16 mar (Lusa) -- O candidato às presidenciais na Guiné-Bissau Carlos Gomes Júnior, que abandonou a vida de empresário para se dedicar à política, diz que se vai apresentar à corrida para "concluir a obra feita" no Governo nos últimos três anos e meio.
Carlos Gomes Júnior, aliás 'Cadogo' Júnior, nome pelo qual é conhecido na Guiné-Bissau, é tido como o mais bem-sucedido empresário guineense.
Diz que decidiu entrar para a política com o objetivo de "reabilitar a imagem do país" e "devolver orgulho e dignidade aos guineenses", porque, mesmo sendo empresário de sucesso, sentiu que o país precisava dos seus préstimos.
Empresário nos setores dos combustíveis, banca, seguros, entre outros ramos de atividade, Carlos Gomes Júnior diz ter deixado os seus negócios quando, nos finais dos anos 1990, percebeu que o país "precisava" da sua experiência de liderança.
Para concretizar o projeto político, que os seus detratores consideram ser "ambição desmedida", 'Cadogo' inscreve-se no PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) pela mão do seu amigo na altura, o falecido Presidente 'Nino' Vieira.
Volvidos poucos anos de militância e de ascensão meteórica nos órgãos dirigentes do PAIGC, chegando mesmo a ser vice-presidente do Parlamento, Carlos Gomes Júnior incompatibiliza-se com 'Nino' Vieira a ponto deste, enquanto Presidente da Guiné-Bissau, demitir o Governo por si chefiado, sob alegação de grave crise institucional no país, mas que muitos consideraram na altura ter sido desavenças pessoais de dois antigos amigos.
Entre os políticos guineenses, 'Cadogo' é seguramente aquele com melhores ligações a Portugal, mercê de vários negócios que mantém com empresas e empresários portugueses. Essa condição de amizade com Portugal, que o próprio nunca escondeu, tem-lhe valido críticas dos seus detratores que consideram ser 'guiado politicamente' a partir de Lisboa.
"Portugal é o nosso parceiro principal e um dos nossos melhores amigos", diz Carlos Gomes Júnior, em resposta aos críticos da sua ligação a Portugal.
Sobre as motivações para ser Presidente da Guiné-Bissau, alega ter sido escolhido pelo seu partido, mas também porque pretende continuar o trabalho que vinha fazendo no Governo como primeiro-ministro.
Apesar de o Presidente não ter poder executivo, elege a continuidade das reformas nos setores militares e económico, a estabilização total do país e a criação de condições de investimento estrangeiro e consequentemente de emprego para a juventude.
Benemérito e filantropo, 'Cadogo' é fundador de várias instituições sociais na Guiné-Bissau, entre as quais a Câmara do Comércio ou o Rotary Club de Bissau, e ainda foi presidente da União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB, um clube de futebol da elite guineense).
Aliás, a sua ligação ao desporto começou muito cedo em Portugal quando, ainda estudante, jogou futebol nos juniores do Belenenses.
Carlos Gomes Júnior é filho de Carlos Domingos Gomes (um conhecido empresário guineense e na origem do diminutivo 'Cadogo') e de Maria Augusta Ramalho. Nasceu a 19 de dezembro de 1949, na ilha de Bolama. É casado e pai de quatro filhos.
Diz que vai ser eleito à primeira volta nas eleições presidenciais antecipadas de domingo, marcadas após a morte do Presidente Malam Bacai Sanhá, em Janeiro.
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