terça-feira, 20 de março de 2012

Estudantes moçambicanos na Argélia exigem melhores condições...




... e são escorraçados da embaixada de Moçambique

A Verdade (mz), em Tema de Fundo – com foto

Um grupo de perto de 80 estudantes moçambicanos bolseiros na Argélia estão em greve defronte da embaixada do nosso país naquele país do norte de África. Os estudantes reivindicam entre outras questões a revisão do valor de subsídio de bolsa, que neste momento é de cerca de 150 dólares americanos mensais.

Segundo um dos membros da comunidade de estudantes moçambicanos, que falou telefonicamente com a nossa reportagem, esta greve pacífica acontece após um encontro com um responsável académico do Instituto de Bolsas de Estudo de Moçambique (IBE), que teve lugar na cidade de Blida, no passado mês de Octubro, onde foram expostos vários problemas que preocupam os estudantes moçambicano mas até hoje nenhuma das reivindicações teve resposta favorável.

Apesar da comunidade de estudantes, em número aproximado de duas centenas, haver prevenido a embaixada de Moçambique na Argélia da realização desta greve pacífica esta segunda-feira nas suas instalações os estudantes viram a sua entrada impedida por autoridades policiais argelinas que se encontravam no exterior da representação do nosso país, habitual ponto de contacto dos estudantes com as autoridades governamentais de Moçambique.

Segundo o relato dos estudantes, o grupo chegou à embaixada do nosso país na Argélia ao meio dia e foi recebida por mais de uma centena de polícias argelinos que os informaram que no local não estava nenhum dos membros da representação diplomática. Pacientes os estudantes aguardaram pacificamente até que cerca das 14 horas surgiu uma oportunidade de entrarem para o recinto da embaixada, quando a porta que dá acesso ao jardim se abriu.

O grupo de 80 estudantes entrou para a embaixada e, já em território moçambicano, começaram a greve, pois na Argélia é proibida a realização e/ou participação em manifestações por parte de estrangeiros.

Várias tentativas foram feitas pelos estudantes para tentar contactar os diplomatas moçambicanos mas as portas de acesso ao edifício mantinham-se fechadas e a informação que receberam foi que ninguém estava no seu interior para recebe-los.

Cerca das 16 horas um membro da representação moçambicana entrou na embaixada, tendo ignorado os estudantes grevistas. Segundo um comunicado da comunidade dos estudantes, 15 minutos depois o mesmo representante moçambicano voltou a entrar na embaixada e manifestou interesse em ouvir os estudantes grevistas.

Os estudantes pediram para que as negociações acontecessem no interior da representação do nosso país o que não foi acedido o que ditou o fim das negociações, mesmo antes de haverem começado.

Entretanto a presença policial argelina no local foi reforçada enquanto os estudantes continuvam pacificamente no jardim da embaixada de Moçambique. Cerca das 17 horas a polícia argelina recebeu instruções, aparentemente de representantes diplomáticos do nosso país, para retirar os grevistas do recinto da embaixada. Usando a força duas centenas de agentes da polícia argelina escorraçaram os estudantes moçambicanos indefesos para a rua.

Já no exterior da embaixada os estudantes presenciaram a saída de dois membros, ao que tudo indica o ministro conselheiro e o responsável financeiro desta representação diplomática de Moçambique, na Argélia, apesar de terem sido informados que ninguém estava na embaixada para os receber.

Apesar da noite fria estudantes mantém-se firmes

Os estudantes moçambicanos decidiram manterem-se reunidos defronte da nossa embaixada na Argélia, onde pretendem passar a noite fria, a temperatura ronda os 10 graus celcius e está a cair alguma chuva, correndo ainda o risco de ser detidos.

Os jovens moçambicanos, muitos deles que estudam, e residem, fora da capital argelina, alimentaram-se no primeiro dia de greve de sandes, que conseguiram comprar com os parcos recursos financeiros que tem.

Na manhã desta terça-feira a nossa reportagem falou telefonicamente com um dos estudantes que assegurou que o grupo continua em greve e aguarda por um contacto formal por parte da representação diplomática moçambicana na Argélia.

Entretanto os estudantes reportam que o aparato policial no local continua.

Até às 10 horas (menos 1 hora na Argélia), altura do contacto telefónico, os estudantes ainda não tinham voltado a alimentar-se mas mantinham-se firmes nas suas reivindicações.

A nossa reportagem contactou o IBE mas até ao momento não foi possível falar com o Director da Instituição, Octávio Manuel.

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