Thassio Borges – Opera Mundi
René González faz parte de um grupo de agentes cubanos que atuou em missão oficial na Flórida para evitar ataques terroristas
René González, um dos cinco cubanos condenados em 2001 por espionagem nos Estados Unidos, recebeu uma autorização da justiça norte-americana para visitar Cuba por duas semanas para visitar o irmão, que está em tratamento por um câncer pulmonar.
A promotoria norte-americana não queria conceder a autorização ao cubano, que está em liberdade condicional desde o ano passado, alegando que ele poderia receber novas instruções de espionagem no país caribenho.
A juíza Joan A. Lenard, de Miami, autorizou a viagem do cubano com a condição de que ele informe todos os detalhes da viagem, incluindo, hospedagem, locais que irá visitar e pessoas que encontrará no país.
Para Max Altman, coordenador geral do Comitê Brasileiro pela Libertação dos Cinco Cubanos, a decisão de autorizar a viagem de González é uma medida de caráter humanitário. Para ele, isso pode trazer repercussões positivas no caso do grupo, que atuava em uma missão antiterrorismo no estado da Flórida.
“González já cumpriu integralmente a pena e não se justifica que ele fique mais dois anos e meio separado da família. Em relação às outras sentenças, se alega que foram extremamente rigorosas. Isso [permissão de viagem] pode dar uma nova dimensão ao processo. O caso pode começar a ser examinado de um outro ponto de vista”, afirmou.
Altman citou ainda que um pedido semelhante ao do cubano foi feito pelo norte-americano Alan Gross, preso em 2009 em Cuba sob a acusação de espionagem. Gross pediu permissão para viajar aos EUA por 60 dias para visitar a mãe, que também se trata de um câncer. A decisão a respeito do caso, no entanto, ainda não foi divulgada.
“Com a liberação de González e uma possível concessão a Gross, estaríamos vendo uma possibilidade de solução definitiva para o Caso dos 5”, declarou o brasileiro, que não acredita, no entanto, em uma definição nos próximos meses. “Essa solução só deve vir depois das eleições dos EUA, em novembro. Até lá, o presidente Barack Obama não vai querer abrir mão do eleitorado da Flórida, que pode definir a disputa”, completou.
Histórico
González foi detido em 1998 junto com outros quatros cubanos acusados de espionagem. Em 2001, todos foram condenados a altas penas, o que causou revolta entre organizações de direitos humanos. González foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu 13 e foi liberado por bom comportamento.
Entre os outros quatro cubanos, três foram condenados à prisão perpétua e o quarto foi sentenciado a 19 anos de prisão. Todos seguem presos, mas três das sentenças foram revisadas. A de Ramón Labañino foi comutada para 30 anos, a de Antonio Guerrero para 22 anos e a de Fernando González para pouco menos de 18 anos. Apenas a condenação de Gerardo Hernández não foi revista e continua em duas prisões perpétuas e mais 15 anos.
Na época, o então presidente Fidel Castro afirmou que os “cinco heróis”, como ficaram conhecidos em Cuba, trabalhavam como agentes, mas sua missão era impedir atos terroristas contra a ilha. Além disso, Fidel ressaltou que o caso não ameaçava a segurança dos EUA.
Em carta enviada ao ex-presidente de Cuba, González afirmou que seguirá agindo contra o terrorismo a Cuba. “Vou até o final, até que seja feita justiça, seguindo suas ordens, fazendo o que tiver que fazer”, declarou.
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