terça-feira, 13 de março de 2012

França: Sarkozy ultrapassa Hollande em pesquisa, mas socialista lidera segundo turno




Kênya Zanatta, Paris – Opera Mundi - foto Efe

Marine Le Pen, no entanto, nunca esteve "tão em baixa nas pesquisas", diz diretor do Ifop

Segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (13/03), Nicolas Sarkozy ultrapassou pela primeira vez François Hollande no primeiro turno das eleições presidenciais da França, com 28,5 % das intenções de voto. O candidato socialista teria somente 27% da preferência do eleitorado no primeiro turno, mas continuaria batendo o atual presidente no segundo turno.

Desde maio de 2011 o instituto Ifop realiza sondagens de opinião sobre as eleições presidenciais a cada duas semanas. Os números divulgados nesta terça indicam que o presidente-candidato teve um aumento de 1,5 ponto percentual no primeiro turno desde a última sondagem, enquanto Hollande perdeu os mesmos 1,5%.

Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional, perdeu um ponto percentual e fica com 16% das intenções de voto. O centrista François Bayrou permanece estável com 13% da preferência e o candidato da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, continua a crescer e chega a 10%, com um aumento de 1,5 ponto percentual. A ecologista Eva Joly perde terreno e cai para 2,5%.

No segundo turno, o candidato do Partido Socialista continuaria batendo Sarkozy, com 54,5 % - uma queda de dois pontos em relação à pesquisa anterior do Ifop. Com 45,5% das intenções de voto no segundo turno, Sarkozy avança dois pontos percentuais e começa a se aproximar do favorito Hollande.

A sondagem foi realizada por telefone com 1.638 eleitores após o discurso de Nicolas Sarkozy no último domingo (11). Em um grande comício na região parisiense, ele ameaçou suspender a participação da França no acordo de Schengen (que eliminou as fronteiras dentro da União Europeia) caso os tratados que regem ao bloco não sejam modificados para barrar a entrada de imigrantes e oferecer maior proteção às empresas francesas.

Apesar de ainda ser cedo para medir o efeito das declarações de Sarkozy nas intenções de voto, Frédéric Dabi, diretor-geral adjunto do Ifop, disse à Agência France Presse que vê no resultado dessa última pesquisa o sucesso da estratégia do presidente-candidato de se posicionar cada vez mais à direita para conquistar o eleitorado da Frente Nacional. “Marine Le Pen nunca esteve tão em baixa na nossa sondagem”, ressaltou Dabi.

Para Manuel Valls, diretor de comunicação da campanha de François Hollande, essa sondagem é apenas uma entre as outras e significa somente que “nada está decidido”. Em entrevista à rádio Europe 1 nesta manhã ele ainda disse que o favoritismo de François Hollande no primeiro turno era uma exceção, já que historicamente os presidentes candidatos à reeleição sempre ficaram em primeiro lugar nas pesquisas.

Reações

Apontadas como um dos fatores para o aumento de popularidade de Sarkozy, as suas declarações sobre a União Europeia no último domingo foram recebidas com surpresa pela mídia e pela classe política francesa. Até então a UMP, o partido do presidente, vinha criticando duramente François Hollande por defender mudanças no tratado europeu sobre a disciplina orçamentária.

Vários responsáveis do Partido Socialista comemoraram o fato de que Nicolas Sarkozy tenha admitido que os tratados europeus podem ser renegociados, mas acusaram o presidente de cortejar os eleitores da extrema-direita com suas propostas para reduzir a imigração.

“Por que o atual presidente não foi capaz de fazer ajustes já que ele era o presidente da União Europeia e do G20? E como ele pode me criticar por questionar um tratado que acaba de ser feito quando ele quer até mesmo suspender a participação da França na União Europeia”, disse François Hollande em entrevista ao canal de televisão M6 no domingo à noite.

"A França acaba de dizer, por meio de seu presidente da República, que é normal, quando uma decisão europeia é aplicada, que uma grande nação desobedeça, se isso não corresponde à ideia que ela tem do bem comum”, ”, disse Jean-Luc Mélenchon nesta segunda-feira (12) em entrevista à Rádio Europe 1. “Isso claramente facilita o meu trabalho, pois é a Frente de Esquerda que defende desde o início o princípio de desobediência em relação à Europa”. O candidato ainda disse que as declarações de Sarkozy não passavam de “gesticulações” para alimentar a “xenofobia” das pessoas.

O presidente-candidato foi informado do resultado da pesquisa Ifop antes de participar nesta segunda-feira à noite de um programa na televisão francesa, onde respondeu a perguntas de eleitores e jornalistas. Nicolas Sarkozy reafirmou sua posição em relação à Europa, dizendo que sempre foi um “europeu convicto” mas exigiu modificações nos tratados para garantir maior “proteção” aos europeus. Além disso, o atual presidente também tentou reforçar sua imagem de candidato do povo contra as elites ao propor um imposto ligado à nacionalidade para os “exilados fiscais”.

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