terça-feira, 6 de março de 2012

Guiné-Bissau: HENRIQUE ROSA CONDENA GOVERNO E PRIMEIRO-MINISTRO EM COMÍCIO



FP - Lusa

Bissau, 05 mar (Lusa) -- Henrique Rosa, candidato independente à Presidência da República da Guiné-Bissau, endureceu hoje as críticas ao governo, traçando um retrato negro da situação do país e acusando-o de ficar com o dinheiro que é do povo.

Num comício em Bissau, o candidato, que já foi Presidente interino do país, criticou especialmente o também candidato a Presidente Carlos Gomes Júnior, até agora primeiro-ministro e líder do maior partido (PAIGC).

O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) não "conseguiu fazer nada", está "caduco" e por isso "tem de haver mudança dia 18", o dia das eleições, disse.

Henrique Rosa questionou depois, referindo-se à polémica que envolveu a escolha de Carlos Gomes Júnior pelo partido, com militantes a questionarem a votação de braço no ar: "Como é que pode ser Presidente um candidato que nem dentro do seu partido consegue fazer democracia?".

Foi só o princípio. Depois Henrique Rosa criticou o sistema de ensino e de atribuição de bolsas de estudo, lamentou que a Guiné-Bissau não tenha escolas profissionais, e condenou os que exibem os seus feitos.

"Eu também sou condecorado, recebi uma condecoração da Costa do Marfim e uma de França, as mais altas que dão a um estrangeiro", mas "nunca falamos dessas condecorações", disse, referindo-se a Carlos Gomes Júnior, que há dois dias, também num comício, lembrou que foi condecorado por Cuba e por Timor-Leste.

Para Henrique Rosa, o importante é que a Guiné-Bissau viva em harmonia, que os guineenses tenham trabalho, "uma vida digna e nobre" e em liberdade.

Porque, disse, na Guiné-Bissau há aldeias onde se morre porque "não há enfermeiros ou médicos e há escolas sem carteiras", e os magistrados não recebem, "enquanto o Ministério das Finanças recebe milhões" para dar ao Presidente, ao primeiro-ministro, ao procurador, aos ministros.

"A Guiné tem de mudar", salientou Henrique Rosa, garantindo que se for eleito vai querer qualidade de ensino. "Que tipo de homens é que estamos a formar na Guiné? A Guiné é um país agrícola, mas quantas escolas agrícolas existem? Nenhuma. Que tipo de agricultura é que queremos? Ainda fazemos agricultura como na época das nossas bisavós".

"Há um grupo de gente sentada encima das nossas cabeças, que está a comer, e nós não temos a estrada, a escola, a justiça, não temos nada", criticou, garantindo que os que estão a "comer" agora terão de devolver o dinheiro, caso seja eleito Presidente.

No comício, mais crítico ainda foi Delfim da Silva, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Educação, que disse que Carlos Gomes Júnior (também conhecido como Cadogo) anda "camuflado" nas bandeiras do PAIGC.

"Quantas mais bandeiras põe mais mentiras conta. Só mentiras, é mentiroso!", disse repetidamente.

E é também "perigoso" para a cultura da Guiné-Bissau, acrescentou Augusto Gomes, diretor da campanha de Henrique Rosa, que deixou um repto: "Vamos resgatar a Guiné que o Cadogo quer colocar no fundo do mar".

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