FP - Lusa
Bafatá, Guiné-Bissau, 15 mar (Lusa) - Afonso Té, candidato a Presidente da Guiné-Bissau nas eleições de domingo, iria procurar que se desenvolvesse a agricultura se fosse eleito, e faria uma remodelação completa e profunda do aparelho do Estado.
"Faria", porque Afonso Té reconhece que não será eleito, embora acrescente, em declarações à Lusa, que a sua candidatura "pode ir longe".
A campanha, diz, decorreu como a concebeu. "Não é de grandes espetáculos, é de sensibilização porta a porta, de trabalho de formiga, com alguns grandes comícios".
Trata-se de uma estratégia, garante, que está a dar resultados. Mas "há outra vitória que já conseguiu": fui dos primeiros a dizer que não faria campanha baseada em insultos mas sim em propostas concretas para a população, do que faria se fosse eleito. E acho que os outros candidatos estão a seguir os meus passos. Não vejo sessões longas de insultos que se verificaram noutras eleições e sinto-me realizado porque marquei uma diferença.
Ainda que não seja eleito Presidente, nada o impede de se revoltar contra o facto de haver crianças que andam quilómetros para ir à escola e que não têm nada para comer, algo que também tentaria resolver.
Em ação de campanha na região de Bafatá e Gabu, o candidato elege esse tema, a Educação, como uma das prioridades.
"É preciso repensar a Educação. Se um menino vai para outro país, ao fim de seis meses está a falar corretamente a língua desse país. Aqui estuda até ao 12.º ano e não sabe falar português. O que é que está mal? Alguma coisa está mal", diz a uma pequena e atenta plateia, à beira da estrada que liga Bafatá a Gabu, a centena e meia de quilómetros de Bissau.
Mas não só a Educação. "A minha prioridade é para as mulheres e para a juventude, os que mais sofrem. Se nós sofremos, eles sofrem duas vezes, porque não têm comida nem têm emprego".
De resto fala de temas que todos os outros candidatos também falam, como a necessidade de mais e melhores escolas, uma melhor administração, mais saneamento e água potável, melhor justiça.
Temas na verdade que são do pelouro do Governo. Mas todos os candidatos têm, na campanha que sexta-feira termina, feito promessas sobre assuntos que não são da competência de um Presidente.
E criticas a outros candidatos Afonso Té não as fez. Exceto uma, a Botché Candé, ministro do Comércio e muito ativo na campanha do até agora primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. "Como é que um lutador de feira do mercado é eleito o melhor ministro?", perguntou.
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