Deutsche Welle , com foto
Membros de quinze partidos opositores da Guiné-Bissau estiveram reunidos para contestar a candidatura do primeiro-ministro do país às eleições marcadas para este mês, depois da morte do Presidente Malam Bacai Sanhá.
A pouco mais de duas semanas das eleições presidenciais antecipadas, a capital da Guiné-Bissau foi palco de uma manifestação para protestar contra a candidatura do primeiro-ministro do país, Carlos Gomes Júnior, à presidência da República.
A marcha reuniu representantes de 15 partidos, que formam um grupo autodenominado "Oposição Democrática da Guiné-Bissau", na capital. A oposição acredita que Gomes Júnior, presidente do PAIGC, o partido no poder, estaria usando dinheiro público - na condição de primeiro-ministro - para pagar a própria campanha eleitoral.
O grupo também condena os juízes do Supremo Tribunal de Justiça do país por terem aceitado a candidatura de Gomes Júnior. Esta semana, o STJ anunciou que o número de candidatos à presidência da República autorizados a concorrer às eleições caiu de 14 para dez. E Carlos Gomes Júnior está entre os aprovados.
Outro motivo que levou o grupo de opositores às ruas foi a proibição dos jovens aptos a votar de irem às urnas - na semana passada, vários jovens protestaram junto à sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE) por não terem sido registrados nos cadernos eleitorais. A "Oposição Democrática da Guiné-Bissau" acredita, por isso, não há condições para um escrutínio justo e transparente.
De acordo com um comunicado assinado por Serifo Baldé, coordenador da informação e comunicação da "Oposição Democrática da Guiné-Bissau", a atualização dos cadernos eleitorais está sendo efetuada de "forma fraudulenta".
Março decisivo
Durante toda esta quinta-feira (01.03), o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau ficou fechado e teve a segurança reforçada, já que o término da marcha estava previsto para acontecer nesta altura da cidade.
Segundo a agência de notícias Lusa, até o final da manhã desta quinta-feira nenhum líder político havia chegado à concentração de manifestantes na chamada Chapa de Bissau, a estrada entre o centro da capital e o aeroporto. Até o meio-dia, quando a Lusa procurou dirigentes de partidos políticos para conversar, todos repassaram a responsabilidade de dar entrevista para outros líderes.
As próximas eleições na Guiné-Bissau estão marcadas para dia 18 de março. O país optou por um novo escrutínio depois da morte do presidente do país, Malam Bacai Sanhá, no dia 09.01. Na altura, todos os partidos políticos se manifestaram a favor de novas eleições dentro do prazo de 60 dias, como defende a Constituição. Mas agora, a "Oposição Democrática da Guiné-Bissau" acredita não haver condições para que as eleições ocorram sem ilegalidades.
Na última quarta-feira (29.02), o representante do secretário geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau mostrou-se preocupado com a marcha desta quinta-feira. Ele criticou os partidos da oposição, segundo agências de notícias.
Concorrentes no dia 18
Entre os dez nomes aprovados pelo Supremo Tribunal da Justiça da Guiné-Bissau para concorrer às eleições na próxima quinzena de março estão o do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e de Kumba Ialá, o concorrente que conta com o apoio do PRS (Partido da Renovação Social), o maior partido da oposição.
Outros candidatos autorizados a concorrer são o empresário Henrique Rosa, o atual ministro da Defesa Baciro Djá, o presidente do Sindicato dos Professores Luís Nancassa, o presidente interino da Assembléia Nacional Manuel Serifo Nhamadjo, o fundador do "Partido Jovem" da Guiné-Bissau Serifo Baldé, o líder da Aliança Democrática Vicente Fernandes, o antigo vice chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Afonso Té, e o líder do Congresso Nacional Africano, Ibraima Jaló.
Autores: Bettina Riffel (com agência Lusa) - Edição: Renate Krieger
Leia mais sobre Guiné-Bissau - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos
Sem comentários:
Enviar um comentário