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Porque se fixou Afonso Dhlakama em Nampula? Uma questão pertinente numa altura em que a tensão é muito grande na província nortenha de Moçambique. A propósito, a DW África falou com o analista moçambicano, Jaime Macuane.
A cidade de Nampula é o novo bastião da Renamo, depois que o partido perdeu a cidade da Beira, na região centro do país, para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Afonso Dhlakama, líder da Renamo, tido como o maior partido da oposição, tem vindo a ameaçar com frequência organizar manifestações contra o governo. Esta semana houve tiroteio entre os ex-militares da Renamo e a polícia, confronto este do qual resultou um morto.
Porém, é no centro do país que a Renamo tem mais apoios da população. Apesar disso, não foi nesta região que instalou o seu quartel-general. Porquê? O analista político moçambicano, Jaime Macuane, apresenta vários motivos: “Também em Nampula o partido tem uma forte base de apoio e este é o maior círculo eleitoral do país” diz, acrescentando que é ainda a província com a maior população. Até às eleições de 2004, o voto aqui era favorável à Renamo: “Sem contar com o facto de Nampula ser considerada a capital do norte”.
Nampula é uma cidade em franco crescimento
De lembrar que a chamada capital do norte é um dos mais importantes centros económicos de Moçambique. A médio e longo prazo, será a espinha dorsal do país, devido à descoberta contínua de recursos naturais, à dinamização do importante porto de águas profundas de Nacala e à construção de um porto petrolífero. O planeado pleno uso das capacidades do corredor ferroviário de Nacala também será um contributo importante para fomentar a conjuntura da província através do incremento das importações e exportações.
A região tem sido alvo de investimentos astronómicos. Até que ponto esta situação foi tomada em conta pelo líder da Renamo para se fixar na região? Afinal, uma das justificações para as frequentes ameaças de manifestação e a presença de homens armados nas ruas da capital do norte é a falta de pagamento pelo governo dos seguranças de altos quadros e edifícios da Renamo. Ou seja, tudo se resume a dinheiro, diz Jaime Macuane: “Em termos económicos Nampula é estratégica. Toda a região centro e norte neste momento está a receber um grande fluxo de investimentos”, afirma.
A situação de instabilidade põe em risco os investimentos
Afonso Dhlakama estará a exercer pressão sobre o governo da Frelimo. O uso de força tem por objectivo demonstrar a capacidade da Renamo de instalar um governo paralelo. Assim, para além da instabilidade política e social, a situação pode perigar o desenvolvimento económico da província de Nampula, como explica o analista Jaime Macuane: “Qualquer investidor não vai querer arriscar uma situação em que não tenha a certeza de obter um retorno sobre os seus investimentos”.
Em Moçambique há quem defenda que o líder da Renamo está a perder o controle sobre os seus homens. O facto é negado por Jaime Macuane. O analista acredita que Afonso Dhlakama, para além de querer pressionar o governo da Frelimo a cumprir na íntegra o Acordo de Paz que pôs fim à guerra civil de 16 anos entre as duas partes, pretende demonstrar que ainda tem força para agir. De lembrar que a Renamo está cada vez mais fragilizada, porque muitos cérebros a abandonaram para formar o MDM. Além de que a imagem do presidente se confunde cada vez mais com a do partido oposicionista.
Autora: Nádia Issufo - Edição: Cristina Krippahl/Renate Krieger
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