POR SER CANDIDATO DE XANANA TAUR PAGA A FATURA E NÃO DEVE BUFAR

António Veríssimo

As eleições presidenciais em Timor-Leste foram ontem e está a acontecer o que era impensável para Taur Matan Ruak, candidato de Xanana Gusmão. Está a pagar a fatura pela sua falta de transparência e por se ter aliado a quem não devia. Assim não fosse e veria a contagem de votos ser-lhe muito mais vantajosa. Aconteceria sempre a segunda volta das eleições mas para o general tudo seria muito mais confortável.

Poucas horas depois das urnas de voto serem encerradas começou a desenhar-se o inevitável e Lu-Olo, transparente candidato da Fretilin, recolhia mais votos que qualquer dos seus oponentes, incluindo Taur. O general surgiu em quarto lugar, depois em terceiro e só muito depois em segundo. Onde se mantém quando os resultados provisórios dão mostras de serem referentes a mais de metade dos votos expressos. A informação válida é a do STAE, o Secretariado oficial.

No site de Taur começou por aparecer a indicação de que o candidato seguia em primeiro lugar, com uma ligeira vantagem a Lu-Olo, e assim se manteve durante horas. Mesmo quando já se sabia que a informação era incorreta e que os valores estavam inquinados. Tal facto gerou alguma confusão entre os eleitores que partiam à consulta dos resultados e os blogueiros mais ansiosos em informar. Muitos informaram erradamente. O motivo de tal inquinação poderá ser inocente mas também poderá conter as artimanhas por vezes pró-estúpido dos colaboradores de Xanana. Certo é que Taur está sempre a ficar mal na fotografia por via de ser candidato de quem é.

Sem retirar primor ao candidato da Fretilin, Lu-Olo, seria expectável que Taur ao avançar com a sua candidatura de modo autónomo e espontâneo seria um potencial presidente da República eleito. Nem por sombras estaria agora nesta situação de ver o número de votos ser inferior ao de Lu-Olo. Folgadamente venceria em primeiro lugar e partiria sem ansiedades para a segunda volta das eleições. Assim seria pelo simples facto de os timorenses verem no general candidato um homem da valorosa resistência timorense que abraçou as armas em defesa da Pátria e nada mais que isso. Taur não era portador de jogos políticos sujos. Não era, mas agora, e de há uns tempos a esta parte já é. Por isso está a pagar a fatura de ter aceite fazer eleger-se PR abraçado a Xanana Gusmão, um histórico da resistência, como ele, mas que está envolvido em enormes cambalachos, que é PM de um governo corrupto sem que alguma vez se tenha sentido incomodado por isso, antes pelo contrário…

Os timorenses eleitores têm perguntado como foi possível Taur deixar a sua honestidade e transparência ser conspurcada pelos interesses e sede de poder a qualquer preço de Xanana Gusmão. A isso Taur respondeu falsamente que era um candidato independente, negando sempre que é candidato de Xanana. Negar, negou, e mostrou que foi contagiado pela falsidade. Assim está provado e de nada vale o candidato Taur avançar com as suas loas, pois que sabe muito bem que desde 2010, entre Maio e Julho, a estratégia começou a ser delineada de acordo com o general e Xanana, por ele próprio ou interpostas pessoas às suas ordens. Por esse tempo já o general anunciava que ia “ser presidente da República” através de alguns corredores, incluindo da ONU. Pois. Mas isso agora já não interessa nad porque a fatura está a ser paga por quem fez a despesa e se deixou contaminar por um seu ex-camarada de armas valoroso na época mas agora chefe de um governo que tem feito sumirem-se milhões sem que se vejam as melhorias e o desenvolvimento correspondentes. Os carenciados de antes de Xanana ser PM estão tão ou mais carenciados agora como antes. O general sabe disso. E deverá saber que um PR por si só não tem poderes para “dar a volta” a um PM como Xanana Gusmão ou outro da mesma espécie, rodeado de “malandros” – como disse há anos Mário Carrascalão. Xanana é o malandro-mor e o apoiante de Taur. Cozinhado para o fracasso ou, pelo menos, redução do sucesso e desilusão de quem estimava e acreditava em Taur.

Mais uma voltinha, mais uma eleição

Pelo visto, pelo apuramento divulgado pelo STAE, Timor-Leste vai ter eleger em segunda volta o seu PR, em Abril. A contenda será entre Lu-Olo, mais que merecedor, e Taur Matan Ruak, o candidato de Xanana Gusmão. Parece mais que evidente que o general vai ter de pagar uma fatura ainda mais pesada se prosseguir na esterqueira de Xanana Gusmão. E vai.

O candidato da Fretlin, transparentemente da Fretilin - como La Sama é transparentemente do Partido Democrático, e outros por outros partidos – disputará a segunda volta das eleições com Taur, agora mais que declarado candidato de Xanana… Vamos ver o que irá acontecer. Pela lógica comportamental dos eleitores de La Sama e outros candidatos de pequena monta, esses não vão votar em Lu-Olo, e aqueles que agora votaram em Ramos Horta? Irão votar em Lu-Olo? Pela lógica anteriormente referida… talvez. Mas nada é assim tão taxativo e Lu-Olo pode muito bem deixar para trás Taur Matan Ruak pelo seu valor e também porque o candidato de Xanana está salpicado pela fossa opaca e nauseabunda que Xanana representa para imensos timorenses. Que legitimamente o consideram o principal responsável pela miséria de muitos e a abastança rápida dos do seu séquito. Sacuda-se desses salpicos nocivos à sociedade timorense, general. Ainda está a tempo para a segunda volta que aí vem. Sim, porque mesmo que no final do apuramento de votos fique sendo o mais votado a diferença será mínima relativamente a Lu-Olo, e depois…

“Quem cabras vende e cabritos não tem… de algum lado lhe vem”, um velho adágio português que indicia roubo. E não? E não? Ora aí está motivo bastante para a fome e miséria que abunda em Timor-Leste. Terá sido para isso que  Taur lutou por mais de duas décadas? E o respeito aos camaradas idos no combate tão desproporcionado?

Por fim. Quem assiste e vive Timor-Leste está cansado de permanecer na desilusão e na indignação devido ao engano e desonestidade que muitas das elites dirigentes representam. É tempo de pôr cobro a tão repugnante realidade e proporcionar paz, justiça, transparência, democracia real, liberdade e dignidade ao nobre povo timorense.

Sobre Ramos Horta PR

Ramos Horta está perante o resultado do seu péssimo e conturbado mandato em que não clamou por justiça, optou pela caridadezinha hipocrita em vez de justiça social, foi adepto dos trafulhas e atropelou a Constituição e a Justiça. Esteve moribundo no atentado de Fevereiro de 2008 e depois apontou como culpado um inocente… Neste pleito eleitoral até nem merecia tantos votos, mais de dois será demais. Um voto, porque ele próprio, narcisista como é, nele votou... e mais não foi possivel, senão... Tudo de bom para o Zé, que volte a sê-lo e que se ocupe a escrever as suas memórias. Que então divulgue a trama de Fevereiro de 2008 e que cite os bois pelos nomes. Quem é que o queria (e quer) ver pelas costas?