MDR - Lusa
Bamako, 23 mar (Lusa) - O líder do golpe militar no Mali afirmou hoje que o presidente deposto está bem e que os ministros que foram detidos vão ser entregues à justiça, assegurando não querer ficar no poder, mas apenas "salvar o país".
O presidente Amadou Toumani Touré está seguro e "a passar muito bem", disse o capitão Amadou Sanogo numa entrevista a um grupo de jornalistas. Sanogo recusou divulgar a localização do chefe de Estado.
Elementos da equipa de Touré disseram na quinta-feira que o presidente está a ser protegido pela unidade de proteção presidencial num quartel. Essa informação não pôde ser confirmada até ao momento e a diplomacia francesa afirmou hoje não ter conseguido ainda contactar Touré.
Vários ministros foram detidos durante o ataque dos militares amotinados ao palácio presidencial, na quarta-feira à noite.
"Essas pessoas estão sãs e salvas. Não lhes vamos tocar num cabelo que seja. Vou entregá-los aos tribunais para que o povo maliano saiba a verdade", disse o capitão Sanogo.
O líder golpista falou com os jornalistas num quartel em Kati, a 15 quilómetros de Bamako, onde se desencadeou o motim de quarta-feira na origem do golpe.
Sanogo condenou as pilhagens feitas por alguns dos militares que participaram no golpe, incluindo de veículos oficiais, mas afirmou que parte do vandalismo foi praticado por civis que vestiram uniformes para responsabilizar os amotinados.
"Peço à população que nos perdoe por qualquer incómodo que tenhamos causado e apelo para o fim das pilhagens", disse.
O motivo para o golpe, afirmou, não foi a insurreição tuaregue no norte do país, mas um mal-estar generalizado em relação ao governo.
"Quando um Estado tem quase 50 anos e, infelizmente, as forças armadas e a segurança dispõem de condições reduzidas para defender o território, estamos perante um fracasso", disse.
"Por outro lado, toda a gente tem noção do elevado custo de vida e isso leva à revolta. Os civis falaram, fizeram exigências. Tudo isso nos levou a esta situação", acrescentou.
Numa outra entrevista, transmitida pela televisão maliana, Sanogo afirmou que os rebeldes tuaregues podem alistar-se no exército, caso contrário serão enfrentados com firmeza.
"É possível que estes grupos estejam a combater por não estarem de acordo com o governo. Vou dar-lhes a oportunidade de se juntarem a nós, caso contrário eu farei face ao que tiver de fazer face", disse.
"Não sou um homem da guerra. Não estou aqui para me armar, armar o exército do Mali e matar quem me aparecer no caminho. Não sou esse tipo de pessoa", acrescentou.
Amadou Sanogo assegurou que não quer permanecer no poder e que a intenção é entregar o poder a um governo a formar "depois de consultas com todas as forças vivas do país".
O golpe foi necessário para "salvar o país", reiterou o autoproclamado chefe do Comité para o Restabelecimento da Democracia e a Restauração do Estado (CNRDRE).
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