quarta-feira, 14 de março de 2012

'Professor' Luís Nancassa na corrida eleitoral para salvar país do "afundanço iminente"



MB – Lusa, com foto

Bissau, 14 mar (Lusa) - Figura castiça sobretudo pelo modo de falar e pelo chapéu de aba larga que sempre traz na cabeça o 'professor' Luís Nancassa diz que candidatou a Presidente da Guiné-Bissau "para salvar o país do afundanço iminente".

Em ação de campanha para as eleições de domingo, que reuniu uma vintena de pessoas na praça do Bandim, arredores de Bissau, Luís Nancassa, conhecido no país como 'professor' diz que alguém tinha que se levantar para "evitar o pior" e essa pessoa é ele mesmo.

Nancassa, fundador do sindicato dos professores da Guiné-Bissau (Sinaprof), diz que luta pelos direitos dos docentes, dos oprimidos, dos pobres e das pessoas que vivem em sítios isolados da Guiné-Bissau, mas sobretudo pelas crianças.

"As crianças são a razão deste meu combate porque vejo nelas o futuro do nosso país, mas estou preocupado vendo que esse futuro lhes é negado porque a escola não tem condição. Um país onde a educação não forma boas pessoas é um país com afundanço iminente, então foi por isso que me levantei para lutar para que essas crianças possam ter um sonho", diz Luís Nancassa com uma criança de três anos ao colo.

A criança, tal como o resto da família estava no largo da praça de Bandim a brincar, justamente na altura em que Nancassa chegava ao local, numa carrinha alugada que tem a sua fotografia estampada, para o comício que acabou por juntar pouca gente.

"Vamos iniciar o comício com aqueles que aqui estão", pediu o 'professor' dirigindo-se ao animador do encontro. De megafone em punho Luís Nancassa explicou que nos dias em que tem andado "pelo país profundo" viu situações dramáticas.

"No sul encontrei situações de extrema pobreza e de isolamento que me fizeram até sentir mal. Entre Buba e Catio há zonas onde há mais de 20 anos existe apenas uma escola e o único elemento do Estado que lá se encontra é um professor", contou.

Luís Nancassa diz que as vozes desses guineenses precisam de ser ouvidas pelo Estado. Sem grandes aparatos, sem bonés, t-shirts ou cartazes, diz que vai fazendo o que pode ao seu jeito, porque o mais importante, observa, é fazer ouvir pessoas e fazer passar a mensagem de esperança.

"Faço do meu jeito e com os meios de que disponho sem ajuda de ninguém. Entendo que sendo eu um adepto da democracia tenho que me levantar para fazer valer a democracia e juntar a minha voz aos pobres e oprimidos", explica-se.

Por ser o fundador do Sinaprof (o mais importante sindicato do país) Nancassa acredita que "muita gente" o conhece de nome o que, nota, poderá ser decisivo para que votem nele.

"A meu ver, penso que chegando a mensagem hão-de votar em mim sem me conhecerem fisicamente. A minha mensagem está a passar, dificilmente mas está a passar. O papel da televisão é importante mas não da maneira como eu gostava.

Sobre o facto de usar sempre um chapéu de abas largas nas suas ações de campanha, Nancassa diz que não é nenhuma imagem de marca mas sim um utensílio para se proteger do sol porque, assinala, às vezes faz a campanha a pé debaixo do sol.

"O chapéu é apenas para tapar o sol. Porque muitas das vezes faço a minha campanha a pé. Se não me proteger sou capaz de ir parar ao hospital, que por sua vez e pelo que vejo não tem medicamentos, mais vale prevenir de que remediar", diz antes de embarcar na carrinha que alugou até domingo para "levar a mensagem em certos sítios".

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