domingo, 11 de março de 2012

Timor-Leste - Arte Moris: nove anos depois, “a luta continua”



Sapo TL, com foto - em 09.03.12

Royal College of Art, School of Art and Design Berlin, School of Visual Arts, Nova Iorque, a lista de instituições ligadas ao mundo das artes é enorme, mas nada se compara ao ambiente “roots” da Arte Moris.

“Começámos com 2 edifícios cedidos pela Secretaria de Estado da Cultura de Timor-Leste (SEC) e graças a eles ainda estamos aqui,” diz entre risos o director Iliwatu Danabere. O apoio governamental é nulo, mas isso não o preocupa porque “ o país tem outras prioridades (saneamento básico e electricidade , por exemplo), e ainda só tem dez anos,” continua.

A Arte Moris faz hoje nove anos e nasceu no rescaldo da violência pós-referendo, alguns meses após o reconhecimento da independência, com o objectivo de reconstruir psicológica e socialmente a juventude de um país devastado pela guerra de libertação. ” Em 2003, a instituição foi galardoada pelas Nações Unidas com o prémio “Freedom of Expression”. Contudo, há limitações.

“O nosso sonho é envolver os 13 distritos, só que ao nível dos recursos humanos estamos muito limitados. Neste momento temos uma outra escola em Baucau e não colocamos qualquer tipo de restrição a quem queira entrar no Arte Moris.” Segundo Iliwatu, cerca de 30 pessoas vivem e trabalham “neste centro de comunidade artística”, 24 dos quais são parte integrante da equipa que gere a escola. Têm neste momento 145 alunos, a desenvolver projectos em diversas áreas, desde a pintura, passando pela fotografia e vídeo, assim como o teatro e a música.

De Lospalos para o mundo

Intrinsecamente ligada ao Arte Moris está a banda timorense Galaxy que surgiu há dez anos, na ponta leste da ilha. O som reflecte a sua maneira de estar na vida: rebeldia, diversão e patriotismo. Após a participação na banda sonora do filme “Violência Doméstica”, ficaram mais expostos e choveram convites, fossem eles institucionais, como festivos . Em 2010 estiveram em Portugal e marcaram presença no Festival Músicas do Mundo em Sines. Os Galaxy trabalham igualmente com grupos de teatro de ” guerrilha” como os “Bibi Bulak”.

“A Luta continua”

Em Fevereiro de 2003, os suíços Luca e Gabriela Gansser deram o mote e criaram a escola Arte Moris, um projecto que ganhou contornos que nem os próprios timorenses esperavam .

“Nunca imaginei que isto pudesse atingir a dimensão que estamos a ver agora. A grande participação das pessoas é a principal causa deste crescimento,” confessa o director da Arte Moris.

E se Camões diz “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, por aqui a vontade ainda é a mesma.

Instigado a responder sobre a evolução da Arte Moris nestes últimos nove anos, Iliwatu é peremptório. “A luta continua!”

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