JSD – Lusa, com foto
Cidade das Praia, 17 abr (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano mostrou-se hoje satisfeito pela "evolução positiva" que se regista no conflito político-militar na Guiné-Bissau, mas garantiu que Cabo Verde está "pronto" para um eventual apoio a refugiados guineenses.
José Maria Neves, que falava aos jornalistas após um "encontro de urgência" com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, sublinhou a importância de estar em curso um clima de diálogo visando devolver o poder às autoridades "legitimamente constituídas" e libertar os detidos pelos militares guineenses.
"Neste momento, há uma evolução positiva. Esperamos que o diálogo continue e que haja uma forte articulação entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Africana (UA) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que haja a devolução do poder às autoridades legitimamente constituídas e que a Guiné-Bissau retome os caminhos da estabilidade, paz, democracia e desenvolvimento", disse.
"Já há a presença da CEDEAO, há diálogos permanentes para devolver o poder às autoridades legitimamente constituídas, para libertar todos os que estão presos e esforços da comunidade internacional, designadamente da CPLP, em articulação com UA, CEDEAO, UE e Nações Unidas, para que se criem condições para a resolução definitiva desta situação", acrescentou.
José Maria Neves admitiu que o "Gabinete de Crise" criado pelo Governo cabo-verdiano esteve hoje de manhã reunido pela primeira vez para analisar a situação na Guiné-Bissau, mas nada adiantou sobre o encontro nem sobre a conversa com Jorge Carlos Fonseca.
"Estamos a acompanhar permanentemente a situação. Interessa-nos, enquanto vizinhos, enquanto país que participa na CEDEAO e CPLP e sobretudo pela paz e estabilidade na região", afirmou.
Insistindo na ideia de que Cabo Verde apenas quer ser "útil" e "facilitador do processo", José Maria Neves reiterou a vontade de os atores políticos cabo-verdianos estarem empenhados no mesmo objetivo de paz, "através do diálogo e da negociação, sem radicalismos, com muita tolerância, no respeito escrupuloso pela Constituição e pelos Direitos Humanos".
Questionado sobre a possibilidade de o conflito na Guiné-Bissau se agudizar e se Cabo Verde já criou algum mecanismo de apoio a eventuais refugiados, o chefe do executivo cabo-verdiano, mostrando-se crente de que tal não será necessário, indicou que o país está disponível para prestar "toda a ajuda humanitária".
"Esperamos que não seja necessário. Cabo Verde está disponível para prestar toda a ajuda humanitária no domínio da Proteção Civil, todo o que for necessário para que haja um caminho para a resolução do problema na Guiné-Bissau. Esperemos que não haja necessidade de saída de pessoas, de haver refugiados e de haver dramas humanitários na Guiné-Bissau", disse.
"Havendo problemas dessa natureza, Cabo Verde, no quadro da sua política, estará disponível para que isso aconteça e disponível para colaborar com os países da CPLP e da CEDEAO, para que possamos encontrar caminhos nesse sentido", concluiu.
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