terça-feira, 17 de abril de 2012

GUINEENSES TEMEM QUE ACONTEÇA O QUE NÃO QUEREM: MAIS VIOLÊNCIA


Habitantes de Bissau estão a refugiar-se no interior do país
Redação

Ameaças de repressão “severa” por parte do Comando Militar. Proibição de manifestação. Cidadãos que vivem na capital a refugiarem-se no interior do país. Comunidade internacional e eclesiásticas a pressionar os militares golpista guineenses. Falta de alimentos e serviços públicos encerrados.

Bissau está repleta de militares aderentes ao Comando Militar. No entanto alguns militares abandonaram os quartéis por discordarem da ação golpista. Paira a sombra do caos em Bissau e por consequência na Guiné-Bissau. Os guineenses preparam-se e estão à espera do que não querem: a violência que tem ceifado inúmeras vidas e causado a ingovernabilidade naquele país.

Os guineenses estão tementes de que a situação se complique ainda mais e que o “cerco” das organizações mundiais, incluindo africanas, cause reações violentas por parte do autodenominado Comando Militar. As notícias são contraditórias sobre se o espaço aéreo guineense foi liberado (como anunciado) ou não. Também sobre o recolher obrigatório foi anunciado que fora revogado pelo Comando Militar, contudo, fonte que pediu o anonimato declarou que ainda “ontem à noite, quando ia deslocar-me a casa de minha mãe, militares que passaram em ronda, numa viatura, ordenaram-me que fosse imediatamente para casa porque tinha de respeitar o recolher obrigatório. Assim nós ficamos sem saber o que fazer”, concluiu.

A União para a Mudança, pequeno partido político, acusa algumas forças políticas de se estarem a aproveitar do golpe militar. O clero já manifestou a sua reprovação pela situação repudiando a “opção militar e todas as formas de violência para resolver problemas”. Disso nos dá conta a Agência Lusa em despachos que reproduzimos a seguir. (Redação PG – LV)

Partido UM acusa outras forças de se aproveitarem do golpe de Estado

MB - Lusa

Bissau, 17 abr (Lusa) - O partido União para a Mudança (UM), força política extraparlamentar na Guiné-Bissau, acusou hoje os líderes partidários da oposição de se aproveitarem do golpe de Estado militar para chegar ao poder.

Em comunicado de imprensa assinado pelo seu líder, Agnelo Regalla, a UM denuncia "a tentativa de aproveitamento político da presente conjuntura, por parte de algumas forças politicas, através da instauração de um alegado Conselho Nacional de Transição (CNT) para a realização dos seus intentos".

Para a UM, a via constitucional é aquela que deve ser respeitada, dando desta forma, ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), a possibilidade de formar um novo Governo e um novo Presidente da República interino sair do Parlamento, que na opinião do partido, não está extinto.

O líder da UM, ex-porta-voz do Presidente Malam Bacai Sanhá, falecido em finais de dezembro, citando as deliberações da comissão política do partido, reafirma que em caso de as forças politicas guineenses avançarem para a via extra constitucional na resolução da crise desencadeada com o golpe de Estado no dia 12, a sua formação política não reconhecerá "o referido CNT nem os órgãos dele emanados".

Bispos repudiam opção militar e todas as formas de violência para resolver problemas

Lusa

Bissau, 17 abr (Lusa) - Os bispos da Igreja Católica da Guiné-Bissau repudiaram hoje "mais esta opção militar e todas as formas de violência escolhidas" para resolver problemas do país e pediram um "respeito sagrado" pelas leis "e pelas instituições democraticamente eleitas".

Numa mensagem lida pelo bispo auxiliar de Bissau, D. José Lampra Cá, os bispos dizem que o país está colocado perante um problema nacional de enorme gravidade e de consequências ainda imprevisíveis.

"Os sinais explícitos de mal-estar vêm de longe, mas alguns desses sinais manifestaram-se mais fortemente durante o último ato eleitoral. De facto, houve ainda algum esforço para, através de um diálogo franco e honesto, se ultrapassarem as dificuldades encontradas. Infelizmente, o golpe de Estado do dia 12 veio agravar a situação", dizem os bispos.

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