Deutsche Welle
O Mali foi um dos países africanos que mais beneficiou da ajuda ao desenvolvimento alemã. Há cerca de uma semana, militares tomaram o poder no país. Será este o fim definitivo da ajuda alemã?
Juntamente com a França, os Estados Unidos da América, a Holanda e o Canadá, a Alemanha é um dos maiores parceiros de ajuda ao desenvolvimento do Mali. Só nos últimos três anos, o Governo de Berlim assistiu Bamako com mais de 110 milhões de euros.
Mas, tal como fizeram a União Europeia e Washington, também a Alemanha suspendeu agora a assistência, anunicou o ministro responsável pelo pelouro, Dirk Niebel, logo na sexta-feira (23.03), um dia após o golpe de Estado militar. O que isso significa concretamente, é que para já está interrompido o pagamento para projectos no âmbito da cooperação bilateral.
Apesar do corte na ajuda, projetos continuam
Yehia Ag Mohammed Ali, o coordenador do programa Mali Norte, não vê motivo para preocupação, apesar do seu projeto de irrigação estar a ser financiado com dinheiros alemães. Ele admite que pode haver alterações no que toca novos financiamentos, mas não espera uma mudança imediata.
"Para aqueles [projetos] em curso foram assinados contratos que deverão ser respeitados. Temos certas obrigações que, penso, iremos cumprir na íntegra", revela.
Futuro incerto
Atualmente o Ministério Alemão da Cooperação Económica ainda analisa os projetos que deverão continuar a ser financiados após o golpe no Mali. Mas uma coisa é certa: a junta militar não deverá beneficiar de qualquer jeito desses projetos, que deverão assistir diretamente a população.
É o caso do Programa Mali Norte. Também a União Europeia pretende continuar a custear projectos que se dirigem à população. Washington congelou a ajuda militar e dinheiros versados diretamente ao governo maliano. Mas também os Estados Unidos dão seguimento a projectos de ajuda direta à população civil, confirmou a porta-voz da embaixada norte-americana no Mali à DW.
A grande parte do financiamento da organização alemã Welthungerhilfe - ou Ação Agrária Alemã - provem dos cofres do governo alemão e da União Europeia. O director do programa no Mali, Willi Kohlmus, diz que aguarda uma decisão definitiva de Berlim.
Mas também Kohlmus não está sobremaneira preocupado. "Estamos mais preocupados com a segurança e com o que se vai passar de uma forma geral", revela. Sobre os projetos em andamento, Kohlmus afirma que "os projectos no interior andam para a frente - não temos, neste momento, motivo para suspender os nossos trabalhos".
Atuação alemã no Mali
O especialista alemão em ajuda de desenvolvimento e em assuntos do Mali, Henner Papendieck, exige, neste contexto, uma política de desenvolvimento alemã mais diferenciada naquele país. Papendieck critica a política levada a cabo nos últimos anos e diz que o governo alemão apreciou mal o presidente deposto, Amadou Toumani Touré.
"Houve uma estranha sobrevalorização deste personagem, que sempre se mostou completamente inofensivo, entusiasmando os políticos alemães. Algo que me causou enorme admiração!", afirma Papendieck. O especialista explica ainda que "Touré tinha uma forma muito habilidosa de ir ao encontro das expectativas dos políticos alemães e europeus".
Só nas próximas semanas, ficará claro como a política de desenvolvimento alemã passará a lidar com o Mali. Particularmente afetados serão, sem dúvida, os projetos de boa governação e democratização, uma área em que a Agência Alemã de Cooperação Internacional, GIZ, é muito activa.
Autoras: Christine Harjes (Bamako)/Cristina Krippahl - Edição: Cris Vieira/Renate Krieger
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