terça-feira, 10 de abril de 2012

"Comportamento de atores políticos e militares não foi o melhor" -- ministro de Cabo Verde



EL/NME - Lusa

Luanda, 10 abr (Lusa) - O comportamento de alguns atores políticos e militares guineenses, na sequência da primeira volta das presidenciais na Guiné-Bissau "não foi o melhor", disse hoje em Luanda o ministro da Defesa da Cabo Verde.

Jorge Tolentino Araújo, que falava no final de um encontro com o seu homólogo angolano, no âmbito da visita oficial de quatro dias a Angola, considerou que aqueles comportamentos estão na base do fim da missão militar de Angola na Guiné-Bissau (Missang).

"Infelizmente, na decorrência do resultado dessa primeira volta, alguns dos atores políticos, e não só, também atores do mundo militar, tiveram um comportamento que não tem sido o melhor, colocando em causa essa presença determinante da missão angolana na Guiné-Bissau", disse Jorge Tolentino Araújo.

O termo da missão angolana de apoio à reforma do setor militar guineense (Missang) foi confirmado na segunda-feira em Bissau pelo chefe da diplomacia de Angola, Georges Chicoti, durante uma curta visita de horas a Bissau.

"Nós compreendemos plenamente a posição que tem sido assumida pelo Governo angolano e designadamente pelo Presidente da República angolano (José Eduardo dos Santos), sublinhando a nossa preocupação que tem que ver com o futuro desse próprio país irmão, a Guiné-Bissau, e é isso que está em causa", adiantou Jorge Tolentino Araújo.

Para o governante cabo-verdiano, "questionar ou colocar em causa" a presença angolana representa "desconhecer o que essa presença tem significado para a garantia da estabilidade e do futuro da Guiné-Bissau".

O ministro cabo-verdiano sublinhou que o seu país vai continuar a apoiar as iniciativas de Luanda para garantia da estabilidade na Guiné-Bissau.

"Na próxima quinta-feira estaremos representados na reunião extraordinária em Abidjan, na sexta-feira na ministerial da CPLP, que irá ter lugar em Lisboa, e aí Cabo Verde estará seguramente a transmitir todo o seu apoio à posição angolana e a sublinhar nessas instâncias a necessidade de ser garantido um contexto de estabilidade e de segurança para o futuro das populações da Guiné-Bissau, que é o que mais importa", frisou.

O secretário-executivo da CPLP disse hoje à Lusa que a reunião extraordinária do Conselho de Ministros da organização deverá realizar-se no sábado.

Jorge Tolentino Araújo apelou aos guineenses que saibam "distinguir o essencial" e aos políticos daquele país para que "assumam cada um as suas responsabilidades".

O risco, alertou, seria o "descambar, descarrilar" do processo, conduzindo a "cenários menos desejáveis", referindo que "quem pagará a fatura necessariamente será o povo da Guiné-Bissau, que é um povo que tem sido um povo sofredor e que não tem tido essa sorte de, num ambiente de paz e estabilidade, construir o desenvolvimento a que tem direito".

"Portanto, estamos numa encruzilhada e antes de mais a responsabilidade deve ser chamada a ser assumida pelos atores políticos intervenientes", sublinhou.

À comunidade internacional cabe a "obrigação de apoiar, de ajudar", mas a responsabilidade é sobretudo interna, frisou.

Fonte do gabinete do ministro da Defesa de Angola, Cândido Van-Dúnem, disse à Lusa que o governante angolano não deseja falar agora na questão da Guiné-Bissau, mas que tenciona fazê-lo mais tarde.

Cândido Van-Dúnem esteve na Guiné-Bissau na semana passada e foi portador de uma carta entregue ao Presidente interino Raimundo Pereira, em que era abordada a questão da Missang.

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