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Nova Iorque, 13 abr (Lusa) - O Conselho de Segurança vai aguardar que os militares golpistas na Guiné-Bissau acatem as exigências hoje feitas, incluindo reposição da ordem constitucional, antes de decidir próximos passos em relação ao país, disse à Lusa o embaixador de Portugal na ONU.
"Para já não há nenhum próximo passo, este passo já é um passo muito expressivo", afirmou o diplomata, Moraes Cabral, após a aprovação de uma declaração do Conselho de Segurança sobre a Guiné-Bissau.
A declaração exige que os militares golpistas na Guiné-Bissau "libertem imediatamente" Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira, líderes políticos detidos no golpe de quinta-feira, e o "imediato restauro da ordem constitucional e do governo legítimo para permitir a conclusão do processo eleitoral em curso, incluindo eleições legislativas".
"Há um apelo claro do Conselho de Segurança para a reposição da normalidade constitucional e ordem pública, é isso que todos nós esperamos que os revoltosos na Guiné-Bissau façam e acatem este apelo e condenação inequívoca da ONU", adiantou o embaixador português.
"Depois veremos com os nossos parceiros da comunidade internacional, organizações internacionais, quais as melhores formas de contribuir para consolidação da democracia na Guiné-Bissau", disse Moraes Cabral.
Um diplomata de um país membro da CPLP admitiu hoje à Lusa que os militares angolanos que se encontram no terreno sejam integrados numa missão da ONU a criar para a Guiné-Bissau, com mandato mais robusto do que tinham ao abrigo da missão bilateral Missang.
O diplomata português rejeita "especular" sobre esta possibilidade, sublinhando que "cabe às autoridades de Angola e da Guiné-Bissau decidirem o futuro da Missang", e é a elas que compete a "iniciativa".
O golpe em Bissau acontece cerca de duas semanas depois de um 'briefing' ao Conselho de Segurança pelo representante da ONU no país, Joseph Mutaboba, que alertou para o facto de a liderança militar estar "dividida e nalguns casos não respeitar o poder político".
Ao contrário do que tem sido hábito nas suas atualizações ao Conselho de Segurança, Mutaboba não saiu de Bissau e fez o 'briefing' por videoconferência para Nova Iorque.
Lamentou a morte do ex-Presidente Malam Bacai Sanhá, "uma força moderadora com influência considerável sobre os divididos atores políticos e militares", com efeito de "um golpe para os planos e programas de consolidação da paz".
Esta semana, teve também lugar uma reunião da Comissão para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, presidida pelo Brasil, nas Nações Unidas.
Para o embaixador português, não se trata de a abordagem da comunidade internacional para a Guiné-Bissau ter falhado, apesar de haver sinais de instabilidade antes do golpe de quinta-feira.
"É obvio que havia uma tensão que se sentia, agora não esperava com certeza que se chegasse a um desenlace deste tipo, que é totalmente condenável", disse à Lusa o diplomata português.
Portugal pediu na quinta-feira à presidência norte-americana do Conselho de Segurança que facilitasse junto do Secretariado da ONU um 'briefing' sobre a situação no terreno, que teve lugar esta manhã.
A aprovação da declaração de hoje - "com enorme rapidez", segundo salienta Moraes Cabral - foi conduzida por Togo, Portugal e África do Sul dentro do Conselho de Segurança.
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