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Nova Iorque, 14 abr (Lusa) - O Departamento de Estado norte-americano condenou hoje "fortemente" o golpe de Estado de quinta-feira na Guiné-Bissau, apelando aos militares para libertarem de "imediato" os líderes políticos detidos e restaurarem o poder civil.
"Condenamos fortemente a tentativa de certos elementos das forças tomarem o poder pela força e minar a liderança civil legítima na Guiné-Bissau", refere o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.
A mesma fonte lamenta que os militares tenham "escolhido desfazer o processo democrático, que já enfrentava o desafio do apelo de boicote da oposição à segunda volta das eleições presidenciais".
"Apelamos a todas as partes para deporem as armas, libertarem os líderes do governo imediatamente e restaurarem a legítima liderança civil", adianta o comunicado.
"Estamos profundamente preocupados com a segurança de todos em Bissau e apelamos à máxima contenção por todas as partes", refere ainda o Departamento de Estado, prometendo continuar atento à situação e desenvolvimentos no terreno.
O golpe foi condenado em larga medida pela comunidade internacional, incluindo na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU e o secretário-geral, Ban Ki-moon.
Tal como o Departamento de Estado, o Conselho de Segurança e o secretário-geral apelaram aos golpistas para restaurarem imediatamente o poder político e libertarem os detidos, - o primeiro ministro cessante, o presidente interino, entre outros altos responsáveis - permitindo a conclusão do processo eleitoral em curso.
Ban Ki-moon condenou "nos mais fortes termos possíveis a tomada inconstitucional do poder pelas Forças Armadas da Guiné-Bissau", e disse estar "extremamente preocupado com a relatada detenção de responsáveis políticos chave".
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada hoje, em comunicado, por um autodenominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse hoje que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do "golpe militar" a libertar os políticos detidos.
A presidência angolana da CPLP admitiu hoje avançar para o Tribunal Penal Internacional contra as autoridades militares guineenses, "em particular" o chefe das Forças Armadas, António Indjai.
Para tal, como para serem decretadas sanções internacionais individuais contra líderes golpistas ou envio de uma força de paz sob alçada das Nações Unidas, seria necessária uma resolução do Conselho de Segurança.
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