sábado, 14 de abril de 2012

Angola responsabiliza militares por golpe de Estado na Guiné-Bissau



SBR (FP) - Lusa

Lisboa, 14 abr (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, país que preside atualmente à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), responsabilizou hoje "os militares da Guiné-Bissau", nomeadamente a "chefia militar", pelo golpe de Estado registado na quinta-feira à noite.

À saída da reunião extraordinária dos responsáveis diplomáticos dos Estados-membros da CPLP, que estão a debater a situação na Guiné-Bissau, o ministro angolano Georges Chicoti, questionado sobre a responsabilidade pelo golpe de Estado, disse: "São os militares da Guiné-Bissau."

"Há uma chefia militar devidamente conhecida. São os únicos responsáveis que sabemos. Até aqui também ninguém nos veio dizer que não é parte do golpe", realçou Chicoti, após a suspensão dos trabalhos da CPLP, que decorrem hoje na sede da organização, em Lisboa, e que serão retomados às 17:00.

Questionado concretamente sobre o papel de António Indjai, o ministro angolano respondeu: "É o chefe do Estado Maior das Forças Armadas guineenses. Ele não disse que não é parte desse golpe e, então, nós consideramos que todos os militares guineenses estão envolvidos, até que saibamos quem são aqueles que não são parte desse golpe."

Em comunicado emitido na sexta-feira à noite, o autointitulado Comando Militar, que reclamou responsabilidade pelo golpe de Estado, informou que o chefe das Forças Armadas guineenses, António Indjai, está detido.

Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau. Desconhece-se o paradeiro do chefe de governo e também do presidente interino, Raimundo Pereira.

A autoria do golpe foi reclamada na sexta-feira por um autodenominado Comando Militar (cuja composição se desconhece), que o justificou como um ato de defesa das Forças Armadas face a uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos governantes guineenses.

Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, mereceram já a condenação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal.

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