quarta-feira, 11 de abril de 2012

Governo angolano garante que não se tentou envolver nos assuntos internos guineenses



EL (NV) - Lusa

Luanda, 11 abr (Lusa) - O Governo angolano divulgou hoje uma nota em que garante nunca ter pretendido envolver-se nos assuntos internos da Guiné-Bissau e em que reitera a disponibilidade para manter relações de amizade, solidariedade e cooperação com aquele país.

A nota, divulgada através da agência noticiosa Angop, surge dois dias depois de Luanda ter confirmado a decisão de pôr termo à missão angolana de apoio à reforma do setor militar guineense (Missang).

No texto distribuído pela Angop, é salientado que, "na sequência das dúvidas surgidas nas últimas semanas na alta hierarquia do sector da defesa e segurança(da Guiné-Bissau), em relação à necessidade dessa presença e dos objetivos desse programa de cooperação, o Governo angolano "lamenta informar a opinião pública nacional e internacional que decidiu pôr fim ao programa especial de cooperação".

Nesse sentido, as autoridades angolanas acrescentam que, em consequência do fim daquele programa, irá proceder à "retirada unilateral e completa da Missang do território da Guiné-Bissau para Angola", mas não adianta quaisquer datas para a partida dos cerca de 200 militares e polícias que mantinha estacionados naquele país africano.

"Em nenhum momento (o Governo angolano) desejou envolver-se, nem pretendeu ver-se envolvido, em assuntos que apenas dizem respeito aos órgãos e instituições soberanas da República da Guiné-Bissau e ao povo guineense", lê-se na nota distribuída pela Angop.

Apesar do fim da Missang, Angola declara a sua disponibilidade para participar de modo bilateral e num quadro multilateral, devidamente mandatado pela comunidade internacional, para a segurança e estabilidade, para a consolidação do Estado democrático de direito e também para o desenvolvimento económico e social da Guiné-Bissau.

A crise na Guiné-Bissau é um dos pontos da agenda da reunião dos ministros do Conselho de Mediação e Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a realizar na próxima quinta-feira em Abidjan.

No encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa serão analisadas as recomendações feitas pelo presidente da Comissão da CEDEAO, Kadire Désiré Ouédraogo, no que respeita às medidas a tomar no âmbito desta organização regional africana para resolver a crise pós eleitoral na Guiné-Bissau.

Ouédraogo chefiou uma delegação da CEDEAO, União Africana e Nações Unidas que esteve em Bissau a 31 de março último, para contactos com as partes envolvidas na crise eleitoral decorrente da primeira volta das presidenciais.

A Guiné-Bissau teve eleições presidenciais no dia 18 de março, mas cinco dos candidatos recusaram-se a aceitar os resultados, alegando a existência de fraudes na votação. Um deles, Kumba Ialá, que foi o segundo mais votado, recusa-se a participar na segunda volta, hoje marcada para o próximo dia 29, contra Carlos Gomes Júnior.

Na sexta-feira, será Lisboa a acolher uma reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), convocada por Angola, que detém a presidência da organização, igualmente para debater a crise guineense.

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