Mussá Baldé, da
Agência Lusa
Bissau, 20 abr
(Lusa) - Líderes da comunidade muçulmana da Guiné-Bissau exortaram os políticos
e os militares do país a seguirem a via do diálogo como forma de se ultrapassar
a crise instalada com o golpe de Estado do passado dia 12.
Em declarações à
Agência Lusa para comentar o momento conturbado que a Guiné-Bissau vive, cinco
dignitários muçulmanos apelaram às partes a dialogarem embora alguns não
concordem com as ameaças de sanções internacionais ou com a vinda de uma força
estrangeira.
Tcherno Embalo,
presidente do Conselho Superior dos Assuntos Islâmicos (CSAI), defendeu que o
diálogo deve ser "a arma principal" para a resolução da crise
político-militar no país, mas considerou que a comunidade internacional deve
"apoiar a Guiné-Bissau dentro da verdade".
"Isto é minha
opinião pessoal, não da minha organização, sou contra a vinda de uma força
estrangeira, porque não estamos em guerra. É preciso que a comunidade
internacional saiba que deve apoiar a Guiné-Bissau mas dentro da verdade",
afirmou Tcherno Embalo, um conhecido clérigo no bairro militar, subúrbios de
Bissau.
Adul Carimo Djaló,
líder do Conselho Nacional Islâmico (CNI) disse, por sua vez, que a sua
organização está "muito preocupada" com as pessoas que estão a deixar
as suas casas, sobretudo em Bissau, para irem para o interior do país com
receio de violência.
"Exortamos as
partes a buscarem o dialogo, o bom senso, a legalidade e a compreensão para que
se possa ultrapassar mais esta crise no nosso país", afirmou Carimo Djaló,
pedindo os políticos para que "coloquem os interesses da Nação acima de
tudo o resto".
O chefe religioso
Mamadu Lamine Sanhá (mais conhecido por El-Haj Conhadjé) defendeu que "há
muito que a comunidade internacional devia intervir na Guiné-Bissau",
antes mesmo das eleições presidenciais de março último.
No entanto, Lamine
Sanhá sustentou que as partes devem dialogar antes mesmo de uma possível chegada
da comunidade internacional, porque, salientou, "qualquer desentendimento
acaba sempre numa mesa de diálogo".
Addulay Bulli
Cissé, chefe religioso em Caliquir (subúrbios de Bissau)m defendeu também o
diálogo mas disse que "a vontade da maioria deve ser respeitada",
lembrando que "é assim a democracia".
"Se a maioria
optar por aquele é ele que deve ser chefe, não o contrário. Apelamos que haja
respeito pela vontade da maioria", afirmou Bulli Cissé, destacando ainda
que se a comunidade internacional reage desta forma "é porque sabe onde é
que está a verdade".
Já o professor
corânico Infali Coté, presidente da Associação Juvenil para a Reinserção Social
(Ajures) defendeu que a solução para a crise deve passar "por ajuda
divina, desde que os homens peçam o apoio a Deus".
"Temos de ter
uma abertura de espírito e pedir ajuda de Deus. As vezes entre nós não
encontramos as soluções rapidamente, mas pedindo à Deus as soluções
aparecem", afirmou.
Infali Coté disse,
contudo, que reza para que não seja preciso a vinda de qualquer força
estrangeira.
"Oxalá que não
tenhamos essa necessidade", concluiu Coté.
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