sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné-Bissau: Militares trocam diretora-geral por pessoa da sua confiança



MB - Lusa

Bissau, 26 abr (Lusa) - Os militares que realizaram um golpe de Estado no dia 12 de abril na Guiné-Bissau substituíram a diretora-geral de Viação e Transportes Terrestres por um elemento da sua confiança, afirmou hoje a responsável da instituição.

Lucinda Barbosa Aukirié explicou a agência Lusa que foi contactada na quarta-feira por uma pessoa que se apresentou como sendo do Comando Militar, que lhe disse para entregar as chaves da Direção-geral, mas ela recusou.

"Disse a essa pessoa que não podia entregar as chaves do serviço e nem podia abrir as portas como ele exigia porque as instituições do país não estão a funcionar, porque não existe Governo", disse Barbosa, antiga diretora-geral da Polícia Judiciária.

"A pessoa insistia tanto, ao telefone, até que acabei por lhe dizer que não ia levar as chaves e não ia ao local de serviço onde ele dizia que se encontravam à minha espera. Penso que foi por isso que arrombaram as portas, mudaram as fechaduras da secretária e do meu gabinete", disse Lucinda Barbosa.

Segundo a diretora-geral dos serviços da Viação e Transportes Terrestres, os militares foram ajudados por um funcionário para que conseguissem abrir o cofre da instituição de onde teriam retirado oito milhões de duzentos mil francos CFA (cerca de 12 mil euros) em dinheiro.

Barbosa Aukarié explicou que essa soma era destinada ao pagamento de salários dos funcionários públicos e ainda para garantir o normal funcionamento da instituição. Afirmou ainda que no cofre estariam documentos que têm valor comercial nomeadamente selos e livretes de transportes.

A diretora dos serviços da Viação e Transportes estranha o facto de os militares terem procedido à nomeação de um novo responsável para a instituição.

"Tudo é possível neste país. Agora que é estranho lá isso é. Não se constrói uma casa a partir do telhado. Se não há Governo no país como é que se vai nomear um diretor-geral?", questionou Lucinda Barbosa, frisando que "ouviu dizer" que os militares entregaram as chaves à pessoa que supostamente seria o diretor-geral da Viação e Transportes Terrestres.

Apesar de a administração pública da Guiné-Bissau estar em greve geral, convocada pelos sindicatos, em protesto contra o golpe de Estado, a Lusa constatou que as portas dos serviços de Viação estão abertas.

Uma fonte próxima do novo responsável, André Deuna, que já ocupou anteriormente estas funções, refutou as acusações de Lucinda Barbosa, explicando que as portas não foram arrombadas e que o dinheiro em questão não foi retirado da instituição.

Foi prometido aos jornalistas esclarecimentos sobre este caso para mais tarde.

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