segunda-feira, 16 de abril de 2012

Guiné-Bissau: PARTIDOS CRIAM CONSELHO NACIONAL DE TRANSIÇÃO



FP (SBR/ATF) - Lusa

Bissau, 15 abr (Lusa) - Os partidos políticos da oposição na Guiné-Bissau decidiram criar um Conselho Nacional de Transição, que irá depois escolher um Presidente e um primeiro-ministro de transição, até à realização de eleições.

Depois de uma reunião que começou de manhã e que só terminou ao anoitecer, o porta-voz dos partidos, Fernando Vaz, disse que na segunda-feira será discutida e aprovada uma Carta de Transição, na qual se define o número de pessoas que esse Conselho terá, o tempo de duração da transição e quem será o Presidente e o primeiro-ministro.

"A criação do Conselho Nacional de Transição implica a dissolução do Parlamento", disse Fernando Vaz, admitindo que tudo será concluído já na segunda-feira.

Na reunião, na qual não participou "o PAIGC de Carlos Gomes Júnior" mas sim outros elementos do maior partido, disse Fernando Vaz, foi decidido criar ainda duas outras comissões, uma Comissão de Gestão de situações de emergência, como para manter, por exemplo, o fornecimento de água e luz, e uma Comissão para a Diplomacia.

É essa Comissão para a Diplomacia que na segunda-feira, em conjunto com os militares, se vai encontrar com uma missão da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), que chegará a Bissau para debater o golpe de Estado de quinta-feira passada.

Fernando Vaz criticou a ameaça de sanções contra militares e políticos, vinda nomeadamente dos países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), afirmando que quando foi morto um Presidente eleito "esses países condenaram e não fizeram nada".

"Hoje entendemos perfeitamente o porquê desta posição de 'revanche' (vingança). Quando se discute internamente e se procura uma solução, externamente propõe-se a guerra contra a Guiné-Bissau, propõe-se uma atitude de violência contra a Guiné-Bissau. Acreditamos nos guineenses e estamos aqui à procura de uma via pacífica, uma solução por forma a resolver esta questão do golpe de Estado", disse Fernando Vaz.

O porta-voz também comentou o envio de forças de Portugal para resgatar, caso necessário, os cidadãos portugueses, afirmando que a Guiné-Bissau é um país soberano, que manda nas suas águas e que os portugueses só entram "se forem autorizados".

Fernando Vaz admitiu que a solução encontrada "não é constitucional", porque havia duas propostas "mas ganhou a que não passava pela via constitucional", com 16 votos contra e sete a favor.

A solução, disse, não agradou a alguns partidos, que decidiram abandonar a reunião. O porta-voz acrescentou ainda que não tem informações sobre o paradeiro do Presidente interino e do primeiro-ministro.

E comentou o encerramento das rádios privadas pelo Comando Militar assim: "As rádios estão a ser aproveitadas para virar o povo da Guiné contra um 25 de Abril que se faz, como se fez em Portugal. O que queremos é a renovação da democracia e a consolidação da democracia".

Ainda assim admitiu estar contra o encerramento das rádios e propôs-se como intermediário entre jornalistas e militares para resolver a situação.

No sábado, um conselho de ministros extraordinário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) decidiu "tomar a iniciativa" de propor "uma força de interposição para a Guiné-Bissau, com mandato definido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas".

No comunicado final da reunião, a CPLP referiu que a proposta de criação de uma "força de interposição" será feita "em articulação com a CEDEAO [Comunidade Económica dos Países de África Ocidental], a União Africana e a União Europeia".

Hoje, a Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, composta por uma fragata, uma corveta e um avião P-3 Orion, partiu ao início da tarde para a Guiné-Bissau.

Fonte oficial do Ministério da Defesa afirmou à Lusa que os militares portugueses não têm qualquer operação definida para já e que esta decisão acontece na sequência do aumento do nível de prontidão da FRI.

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