sábado, 28 de abril de 2012

Maputo: Vendedores de artesanato querem sair da feira e voltar às ruas



Helena Cumaio, da Agência Lusa

Maputo, 28 abr (Lusa) - Vendedores de artesanato da feira permanente do Parque dos Continuadores, em Maputo, querem voltar às ruas para encontrar compradores, apontando que poucas pessoas vão àquele local para adquirir os seus produtos.

"O sítio está bem localizado, mas o problema é a clientela. Nós não conseguimos arrecadar dinheiro para custear as nossas despesas, ficamos meses sem vender. Lá onde estávamos era melhor porque qualquer pessoa que passava apreciava, e várias vezes comprava. Mas, aqui, para a pessoa comprar deve fazer planos e para comprar uma obra de arte não se faz plano", queixou-se à Lusa Luís Balate, vendedor de artesanato "há mais de 15 anos".

A FEIMA - Feira Municipal de Artesanato, Flores e Gastronomia, situada numa zona nobre da capital moçambicana, foi inaugurada em 2010, num projeto do município e da cooperação espanhola, apoiado por várias entidades públicas e privadas.

Para os seus 'stands' fixos foram enviados os vendedores ambulantes que, até então, negociavam nos passeios fronteiros aos principais hotéis e aos mais frequentados restaurantes de Maputo.

A vendedora Cristina João, 26 anos, acredita que a rua é o melhor local para vender pois dantes os clientes compravam os seus produtos diariamente; agora, na feira ficam muito tempo sem vender e têm que pagar uma renda mensal que varia entre 400 a 600 meticais (entre 11 e 16,5 euros).

Também Manuel Chaúque considera que o melhor local "por enquanto" para se vender artesanato é nas ruas e defende que uma solução para a FEIMA passa pela instalação no recinto de lojas e bancos para atrair mais pessoas ao local. "Não está bem o negócio aqui", queixa-se.

Maria Manuel, portuguesa e apreciadora de artesanato, acredita porém que a feira é melhor do que a rua.

"Aqui está melhor no sentido de estarmos a ver e eles (vendedores) não estarem a chamar. Aqui dão mais liberdade e a gente sente-se muito melhor. Mas acho que devia ter mais indicações, porque eu também, por acaso, não conhecia este lugar", disse à Lusa.

Pascoal Alberto, fornecedor de esculturas para vendedores na feira, lamentou por seu lado o facto de vender poucas obras, devido à falta de procura na feira.

"Nós confiamos nos revendedores que estão na feira, são eles que vêm comprar as coisas que faço, mas desde que o governo os mandou para a feira, já não vêm muitas vezes comprar aqui. Não sei como vamos viver assim", lamentou.

Fonte do Conselho Municipal da Cidade de Maputo admitiu à Lusa que a falta de clientes para os artistas é o principal motivo que os leva a quererem voltar às ruas. Mas reiterou que o local, futuramente, será conhecido por todos, pois " situa-se no centro da cidade e é bem espaçoso".

Sem comentários:

Mais lidas da semana