MMT - Lusa
Maputo, 18 abr (Lusa) - O escritor moçambicano Mia Couto vai lançar na sexta-feira, em Maputo, um novo livro, "A Confissão da Leoa", romance que retrata a condição da mulher de uma comunidade do interior de Moçambique vítima de ataques de leões.
Em declarações hoje à Lusa, Mia Couto explicou as razões desta abordagem: "O tema foi sugerido quando eu estava a trabalhar em Palma, em Cabo Delgado (norte do país), onde pude ver uma situação em que os leões começaram a atacar e até a comer pessoas. Não foi uma nem duas vezes, foram vinte e tal. Em pleno século XXI isto perturbou-me muito".
"A Confissão da Leoa" é uma história literária contada na versão de dois narradores, Mariamar, uma personagem que reside na aldeia de Kulumani, e Gustavo Baleiro, que dá a conhecer ao leitor o seu diário de caçador contratado para matar leões.
No romance, ambas as figuras procuram expor a sua visão de como a guerra, fome e superstição podem transformar os homens em animais selvagens.
Mas o antigo conflito entre os homens e animais em Moçambique não é essencialmente a maior preocupação do livro, mas a discussão sobre "qual é a fronteira entre o nosso lado animal e humano", porque "a fronteira entre a animalidade e humanidade é muito mais fluido", disse à Lusa Mia Couto.
"Quando comecei a tratar disso sob o ponto de vista literário não quis falar dos estereótipos do homem vilão e a mulher", que no entanto "vive numa condição de dominação e escravatura", conduzida pelo atual "modelo societário", refere o escritor.
Na nova obra do biólogo Mia Couto "ergue-se uma extraordinária figura de mulher. Mariamar", resume o comunicado da Ndjira, a Sociedade Editorial que chancela o romance.
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